Não há mais como negar que o Brasil
sofreu um sério retrocesso na política de enfrentamento à AIDS, o rei ficou nu
perante toda a imprensa mundial. Ao contrário dos bons resultados globais, o
país vê crescer o número de novas infecções, especialmente entre os jovens e a
população homossexual, graças à ausência do Estado no apoio a ações de
prevenção para a população em geral e, em especial, para as populações mais
vulneráveis. O controle social sobre as políticas públicas está severamente
enfraquecido devido ao fechamento da maioria das ONGs e também pela obscura
relação entre governo e setores da sociedade civil.
As co infecções com tuberculose e
hepatites colaboram para a alta mortalidade e os efeitos colaterais dos
medicamentos não recebem a devida atenção por parte dos gestores, ao passo que
o Ministério da Saúde insiste em transferir o tratamento das pessoas com HIV
para as enfraquecidas Unidades Básicas de Saúde. A AIDS não é mais notícia e em
sua data mais emblemática, o Dia Mundial de Luta contra a AIDS, virou nota de
rodapé na mídia. Se quisermos atingir a previsão da ONU de que a epidemia estará
sob controle em 2030, temos muito trabalho pela frente.
Será necessário rediscutir o
modelo utilizado pelo país, que fez jus ao título de melhor programa do mundo e
que hoje é referência em banalização, sendo que ao longo do tempo a AIDS foi
perdendo status dentro do próprio Ministério, passando de um programa vinculado
diretamente ao ministro para um departamento no terceiro escalão. É preciso
reunir gestores, profissionais da saúde e sociedade civil para debater e,
principalmente, deliberar ações que se tornam cada dia mais urgentes, no
sentido de retomar a seriedade com que a AIDS deve ser combatida.
É imperativa a convocação da 1ª
Conferência Nacional de AIDS, o único espaço com legitimidade para efetuar tal
tarefa com abrangência e profundidade. É o momento certo de se retomar a
contundência e ousadia que caracterizaram a luta contra a AIDS no Brasil no
passado, sob pena de perdermos o controle sobre a epidemia e vermos ameaçado o
próprio Sistema Único de Saúde.
CONFERÊNCIA NACIONAL DE AIDS, JÁ!
Beto Volpe
Beto achei super oportuno e maduro sua proposta. Está mais do que na hora de termos uma discussão nacional sobre Aid em nosso país. Necessitamos desse momento. Os espaços que temos hoje não estão dando conta da necessidade urgente que temos de repensar o enfrentamento da Aids em nosso país
ResponderExcluirNÃO PODEMOS DEIXAR QUE A AIDS RETORNE AOS PATAMARES DOS ANOS 80 (morte, dor e muito sofrimento). ESTA É UMA LUTA NÃO APENAS DAS PESSOAS VIVENDO E CONVIVENDO COM HIV/AIDS. É UMA IMPORTANTE LUTA, RESULTADO DA LUTA DA SOCIEDADE CIVIL, DO PODER JUDICIÁRIO E DE MUITOS HERÓIS, OS QUAIS NA DÉCADA DE 80/90 EXPUSERAM SUAS FACES NUMA LUTA PARA A CRIAÇÃO DE UM PROGRAMA PIONEIRO NO MUNDO, O QUAL ATUALMENTE ESTÁ SENDO NEGLIGENCIADO PELO ESTADO BRASILEIRO, AFASTANDO DAS DECISÕES OS MAIORES "EXPERT'S" NO TEMA, OU SEJA OS PRÓPRIOS PORTADORES E OSC'S ESPECIALIZADAS NO TEMA E IDÔNEAS.
ResponderExcluirConcordo e apoio!
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