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Sou muito humorado. Se bem ou mal, depende da situação...

Em 1989 o HIV invadiu meu organismo e decretou minha morte em vida. Desde então, na minha recusa em morrer antes da hora, muito aconteceu. Abuso de drogas e consequentes caminhadas à beira do abismo, perda de muitos amigos e amigas, tratamentos experimentais e o rótulo de paciente terminal aos 35 quilos de idade. Ao mesmo tempo surgiu o Santo Graal, um coquetel de medicamentos que me mantém até hoje em condições de matar um leão e um tigre por dia, de dar suporte a meus pais que se tornaram idosos nesse tempo todo e de tentar contribuir com a luta contra essa epidemia que está sob controle.



Sob controle do vírus, naturalmente.



Aproveite o blog!!!



Beto Volpe



domingo, 26 de janeiro de 2014

Vai ter Copa: argumentos para enfrentar quem torce contra o Brasil

Concordo com cada linha escrita.
Beto Volpe


Profetas do pânico: os gupos que patrocinam a campanha anticopa
 
Existe uma campanha orquestrada contra a Copa do Mundo no Brasil. A torcida para que as coisas deem errado é pequena, mas é barulhenta e até agora tem sido muito bem sucedida em queimar o filme do evento.

Tiveram, para isso, uma mãozinha de alguns governos, como o do estado do Paraná e da prefeitura de Curitiba, que deram o pior de todos exemplos ao abandonarem seus compromissos com as obras da Arena da Baixada, praticamente comprometida como sede.

A arrogância e o elitismo dos cartolas da Fifa também ajudaram. Aliás, a velha palavra “cartola” permanece a mais perfeita designação da arrogância e do elitismo de muitos dirigentes de futebol do mundo inteiro.

Mas a campanha anticopa não seria nada sem o bombardeio de informação podre patrocinado pelos profetas do pânico.

O objetivo desses falsos profetas não é prever nada, mas incendiar a opinião pública contra tudo e contra todos, inclusive contra o bom senso.

Afinal, nada melhor do que o pânico para se assassinar o bom senso.

Como conseguiram azedar o clima da Copa do Mundo no Brasil

O grande problema é quando os profetas do pânico levam consigo muita gente que não é nem virulenta, nem violenta, mas que acaba entrando no clima de replicar desinformações, disseminar raiva e ódio e incutir, em si mesmas, a descrença sobre a capacidade do Brasil de dar conta do recado.

Isso azedou o clima. Pela primeira vez em todas as copas, a principal preocupação do brasileiro não é se a nossa seleção irá ganhar ou perder a competição.

A campanha anticopa foi tão forte e, reconheçamos, tão eficiente que provocou algo estranho. Um clima esquisito se alastrou e, justo quando a Copa é no Brasil, até agora não apareceu aquela sensação que, por aqui, sempre foi equivalente à do Carnaval.

Se depender desses Panicopas (os profetas do pânico na Copa), essa será a mais triste de todas as copas.

“Hello!”: já fizemos uma copa antes

Até hoje, os países que recebem uma Copa tornam-se, por um ano, os maiores entusiastas do evento. Foi assim, inclusive, no Brasil, em 1950. Sediamos o mundial com muito menos condições do que temos agora.

Aquela Copa nos deixou três grandes legados. O primeiro foi o Maracanã, o maior estádio do mundo – que só ficou pronto faltando poucos dias para o início dos jogos.

O segundo, graças à derrota para o Uruguai (“El Maracanazo”), foi o eterno medo que muitos brasileiros têm de que as coisas saiam errado no final e de o Brasil dar vexame diante do mundo - o que Nélson Rodrigues apelidou de “complexo de vira-latas”,  a ideia de que o brasileiro nasceu para perder, para errar, para sofrer.

O terceiro legado, inestimável, foi a associação cada vez mais profunda entre o futebol e a imagem do país. O futebol continua sendo o principal cartão de visitas do Brasil – imbatível nesse aspecto.

O cartunista Henfil, quando foi à China, em 1977, foi recebido com sorrisos no rosto e com a única palavra que os chineses sabiam do Português: “Pelé” (está no livro “Henfil na China”, de 1978).

O valor dessa imagem para o Brasil, se for calculada em campanhas publicitárias para se gerar o mesmo efeito, vale uma centena de Maracanãs. 

Desinformação #1: o dinheiro da Copa vai ser gasto em estádios e em jogos de futebol, e isso não é importante

O pior sobre a Copa é a desinformação. É da desinformação que se alimenta o festival de besteiras que são ditas contra a Copa.

Não conheço uma única pessoa que fale dos gastos da Copa e saiba dizer quanto isso custará para o Brasil. Ou, pelo menos, quanto custarão só os estádios. Ou que tenha visto uma planilha de gastos da copa.

A “Copa” vai consumir quase 26 bilhões de reais.

A construção de estádios (8 bi) é cerca de 30% desse valor.

Cerca de 70% dos gastos da Copa não são em estádios, mas em infraestrutura, serviços e formação de mão de obra.

Os gastos com mobilidade urbana praticamente empatam com o dos estádios.

O gastos em aeroportos (6,7 bi), somados ao que será investido pela iniciativa privada (2,8 bi até 2014) é maior que o gasto com estádios.

O ministério que teve o maior crescimento do volume de recursos, de 2012 para 2013, não foi o dos Esportes (que cuida da Copa), mas sim a Secretaria da Aviação Civil (que cuida de aeroportos).

Quase 2 bi serão gastos em segurança pública, formação de mão de obra e outros serviços.

Ou seja, o maior gasto da Copa não é em estádios. Quem acha o contrário está desinformado e, provavelmente, desinformando outras pessoas.

Desinformação #2: se deu mais atenção à Copa do que a questões mais importantes

Os atrasos nas obras pelo menos serviram para mostrar que a organização do evento não está isenta de problemas que afetam também outras áreas. De todo modo, não dá para se dizer que a organização da Copa teve mais colher de chá que outras áreas. 

Certamente, os recursos a serem gastos em estádios seriam úteis a outras áreas. Mas se os problemas do Brasil pudessem ser resolvidos com 8 bi, já teriam sido.

Em 2013, os recursos destinados à educação e à saúde cresceram. Em 2014, vão crescer de novo. 

Portanto, o Brasil não irá gastar menos com saúde e educação por causa da Copa. Ao contrário, vai gastar mais. Não por causa da Copa, mas independentemente dela.

No que se refere à segurança pública, também haverá mais recursos para a área. Aqui, uma das razões é, sim, a Copa.

Dados como esses estão disponíveis na proposta orçamentária enviada pelo Executivo e aprovada pelo Congresso (nas referências ao final está indicado onde encontrar mais detalhes).  

Se alguém quiser ajudar de verdade a melhorar a saúde e a educação do país, ao invés de protestar contra a Copa, o alvo certo é lutar pela aprovação do Plano Nacional de Educação, pelo cumprimento do piso salarial nacional dos professores, pela fixação de percentuais mais elevados e progressivos de financiamento público para a saúde e pela regulação mais firme sobre os planos de saúde.

Se quiserem lutar contra a corrupção, sugiro protestos em frente às instâncias do Poder Judiciário, que andam deixando prescrever crimes sem o devido julgamento, e rolezinhos diante das sedes do Ministério Público em alguns estados, que andam com as gavetas cheias de processos, sem dar a eles qualquer andamento.

Marchar em frente aos estádios, quebrar orelhões públicos e pichar veículos em concessionárias não tem nada a ver com lutar pela saúde e pela educação.

Os estádios, que foram malhados como Judas e tratados como ícones do desperdício, geraram, até a Copa das Confederações, 24,5 mil empregos diretos. Alto lá quando alguém falar que isso não é importante.

Será que o raciocínio contra os estádios vale para a também para a Praça da Apoteose e para todos os monumentos de Niemeyer? Vale para a estátua do Cristo Redentor? Vale para as igrejas de Ouro Preto e Mariana? 

Havia coisas mais importantes a serem feitas no Brasil, antes desses monumentos extraordinários. Mas o que não foi feito de importante deixou de ser feito porque construíram o bondinho do Pão-de-Açúcar? 

Até mesmo para o futebol, o jogo e o estádio são, para dizer a verdade, um detalhe menos importante. No fundo, estádios e jogos são apenas formas para se juntar as pessoas. Isso sim é muito importante. Mais do que alguns imaginam. 

Desinformação #3: O Brasil não está preparado para sediar o mundial e vai passar vexame

Se o Brasil deu conta da Copa do Mundo em 1950, por que não daria conta agora? 

Se realizou a Copa das Confederações no ano passado, por que não daria conta da Copa do Mundo? 

Se recebeu muito mais gente na Jornada Mundial da Juventude, em uma só cidade, porque teria dificuldades para receber um evento com menos turistas, e espalhados em mais de uma cidade?

O Brasil não vai dar vexame, quando o assunto for segurança, nem diante da Alemanha, que se viu rendida quando dos atentados terroristas em Munique, nos Jogos Olímpicos de Verão de 1972; nem diante dos Estados Unidos, que sofreu atentados na Maratona Internacional de Boston, no ano passado.

O Brasil não vai dar vexame diante da Itália, quando o assunto for a maneira como tratamos estrangeiros, sejam eles europeus, americanos ou africanos.

O Brasil não vai dar vexame diante da Inglaterra e da França, quando o assunto for racismo no futebol. Ninguém vai jogar bananas para nenhum jogador, a não ser que haja um Panicopa no meio da torcida. 

O Brasil não vai dar vexame diante da Rússia, quando o assunto for respeito à diversidade e combate à homofobia.

O Brasil não vai dar vexame diante de ninguém quando o assunto for manifestações populares, desde que os governadores de cada estado convençam seus comandantes da PM a usarem a inteligência antes do spray de pimenta e a evitar a farra das balas de borracha.

Podem ocorrer problemas? Podem. Certamente ocorrerão. Eles ocorrem todos os dias. Por que na Copa seria diferente? A grande questão não é se haverá problemas. É de que forma nós, brasileiros, iremos lidar com tais problemas.

Desinformação #4: os turistas estrangeiros estão com medo de vir ao Brasil 

De tanto medo do Brasil, o turismo para o Brasil cresceu 5,6% em 2013, acima da média mundial. Foi um recorde histórico (a última maior marca havia sido em 2005).

Recebemos mais de 6 milhões de estrangeiros. Em 2014, só a Copa deve trazer meio milhão de pessoas. 

De quebra, o Brasil ainda foi colocado em primeiro lugar entre os melhores países para se visitar em 2014, conforme o prestigiado guia turístico Lonely Planet (“Best in Travel 2014”, citado nas referências ao final).

Adivinhe qual uma das principais razões para a sugestão? Pois é, a Copa.


Desinformação #5: a Copa é uma forma de enganar o povo e desviá-lo de seus reais problemas

O Brasil tem de problemas que não foram causados e nem serão resolvidos pela Copa.

O Brasil tem futebol sem precisar, para isso, fazer uma copa do mundo. E a maioria assiste aos jogos da seleção sem ir a estádios. 

Quem quiser torcer contra o Brasil que torça. Há quem não goste de futebol, é um direito a ser respeitado. Mas daí querer dar ares de “visão crítica” é piada.

Desinformação #6: muitas coisas não ficarão prontas antes da Copa, o que é um grave problema

É verdade, muitas coisas não ficarão prontas antes da Copa, mas isso não é um grave problema. Tem até um nome: chama-se “legado”.

Mas, além do legado em infraestrutura para o país, a Copa provocou um outro, imaterial, mas que pode fazer uma boa diferença. 

Trata-se da medida provisória enviada por Dilma e aprovada pelo Congresso (entrará em vigor em abril deste ano), que limita o tempo de mandato de dirigentes esportivos.

A lei ainda obrigará as entidades (não apenas de futebol) a fazer o que nunca fizeram: prestar contas, em meios eletrônicos, sobre dados econômicos e financeiros, contratos, patrocínios, direitos de imagem e outros aspectos de gestão. Os atletas também terão direito a voto e participação na direção. Seria bom se o aclamado Barcelona, de Neymar, fizesse o mesmo.

Estresse de 2013 virou o jogo contra a Copa

Foi o estresse de 2013 que virou o jogo contra a Copa. Principalmente quando aos protestos se misturaram os críticos mascarados e os descarados.

Os mascarados acompanharam os protestos de perto e neles pegaram carona, quebrando e botando fogo. Os descarados ficaram bem de longe, noticiando o que não viam e nem ouviam; dando cartaz ao que não tinha cartaz; fingindo dublar a “voz das ruas”, enquanto as ruas hostilizavam as emissoras, os jornalões, as revistinhas e até as coitadas das bancas.

O fato é que um sentimento estranho tomou conta dos brasileiros. Diferentemente de outras copas, o que mais as pessoas querem hoje saber não é a data dos jogos, nem os grupos, nem a escalação dos times de cada seleção.  

A maioria quer saber se o país irá funcionar bem e se terá paz durante a competição. Estranho. 

É quase um termômetro, ou um teste do grau de envenenamento a que uma pessoa está acometida. Pergunte a alguém sobre a Copa e ouça se ela fala dos jogos ou de algo que tenha a ver com medo. Assim se descobre se ela está empolgada ou se sentou em uma flecha envenenada deixada por um profeta do apocalipse.

Todo mundo em pânico: esse filme de comédia a gente já viu

Funciona assim: os profetas do pânico rogam uma praga e marcam a data para a tragédia acontecer. E esperam para ver o que acontece. Se algo “previsto” não acontece, não tem problema. A intenção era só disseminar o pânico e o baixo astral mesmo.

O que diziam os profetas do pânico sobre o Brasil em 2013?  Entre outras coisas:

Que estávamos à beira de um sério apagão elétrico.

Que o Brasil não conseguiria cumprir sua meta de inflação e nem de superávit primário.

Que o preço dos alimentos estava fora de controle.

Que não se conseguiria aprontar todos os estádios para a Copa das Confederações.

O apagão não veio e as termelétricas foram desligadas antes do previsto. A inflação ficou dentro da meta. A inflação de alimentos retrocedeu. Todos os estádios previstos para a Copa das Confederações foram entregues.

Essas foram as profecias de 2013. Todas furadas.

Cada ano tem suas previsões malditas mais badaladas. Em 2007 e 2008, a mesma turma do pânico dizia que o Brasil estava tendo uma grande epidemia de febre amarela. Acabou morrendo mais gente de overdose de vacina do que de febre amarela, graças aos profetas do pânico.

Em 2009 e 2010, os agourentos diziam que o Brasil não estava preparado para enfrentar a gripe aviária e nem a gripe “suína”, o H1N1. Segundo esses especialistas em catástrofes, os brasileiros não tinham competência nem estrutura para lidar com um problema daquele tamanho. Soa parecido com o discurso anticopa, não?

O cataclismo do H1N1 seria gravíssimo. Os videntes falavam aos quatro cantos que não se poderia pegar ônibus, metrô ou trem, tal o contágio. Não se poderia ir à escola, ao trabalho, ao supermercado. Resultado? Não houve epidemia de coisa alguma.

Mas os profetas do pânico não se dão por vencidos. Eles são insistentes (e chatos também). Quando uma de suas profecias furadas não acontece, eles simplesmente adiam a data do juízo final, ou trocam de praga.

Agora, atenção todos, o próximo fim do mundo é a Copa. “Imagina na Copa” é o slogan. E há muita gente boa que não só reproduz tal slogan como perde seu tempo e sua paciência acreditando nisso, pela enésima vez. 

Para enfrentar o pessoal que é ruim da cabeça ou doente do pé

O pânico é a bomba criada pelos covardes e pulhas para abater os incautos, os ingênuos e os desinformados.

Só existe um antídoto para se enfrentar os profetas do pânico. É combater a desinformação com dados, argumentos e, sobretudo, bom senso, a principal vítima da campanha contra a Copa.

Informação é para ser usada. É para se fazer o enfrentamento do debate. Na escola, no trabalho, na família, na mesa de bar.

É preciso que cada um seja mais veemente, mais incisivo e mais altivo que os profetas do pânico. Eles gostam de falar grosso? Vamos ver como se comportam se forem jogados contra a parede, desmascarados por uma informação que desmonta sua desinformação.

As pessoas precisam tomar consciência de que deixar uma informação errada e uma opinião maldosa se disseminar é como jogar lixo na rua. 

Deixar envenenar o ambiente não é um bom caminho para melhorar o país.

A essa altura do campeonato, faltando poucos meses para a abertura do evento, já não se trata mais de Fifa. É do Brasil que estamos falando.

É claro que as informações deste texto só fazem sentido para aqueles para quem as palavras “Brasil” e “brasileiros” significam alguma coisa.

Há quem por aqui nasceu, mas não nutre qualquer sentimento nacional, qualquer brasilidade; sequer acreditam que isso existe. Paciência. São os que pensam diferente que têm que mostrar que isso existe sim.

Ter orgulho do país e torcer para que as coisas deem certo não deve ser confundido com compactuar com as mazelas que persistem e precisam ser superadas. É simplesmente tentar colocar cada coisa em seu lugar.

Uma das maneiras de se colocar as coisas no lugar é desmascarar oportunistas que querem usar da pregação anticopa para atingir objetivos que nunca foram o de melhorar o país.

O pior dessa campanha fúnebre não é a tentativa de se desmoralizar governos, mas a tentativa de desmoralizar o Brasil.

É preciso enfrentar, confrontar e vencer esse debate. É preciso mostrar que esse pessoal que é profeta do pânico é ruim da cabeça ou doente do pé.

(*) Antonio Lassance é doutor em Ciência Política e torcedor da Seleção Brasileira de Futebol desde sempre.

Mais sobre o assunto:

A Controladoria Geral da União atualiza a planilha com todos os gastos previstos para a Copa, os já realizados e os por realizar, em seu portal:


Os dados do orçamento da União estão disponíveis na proposta orçamentária enviada pelo Executivo e aprovada pelo Congresso.  

O “Best in Travel 2014”, da Lonely Planet, pode ser conferido aqui.

Sobre copa e anticopa, vale a pena ler o texto do Flávio Aguiar, “Copa e anti-copa”, aqui na Carta Maior: 

Sobre o catastrofismo, também do Flávio Aguiar: “Reveses e contrariedades para a direita”, na Carta Maior.

Sobre os protestos de junho e a estratégia da mídia, leiam o texto do prof. Emir Sader, "Primeiras reflexões".

sábado, 25 de janeiro de 2014

Psicanalista comenta sobre o que há de verdadeiro e oculto acerca do Programa Brasileiro de AIDS.

Pessoal, compartilho com vocês artigo de meu querido amigo George Gouvea sobre o que se vê e o que está oculto nos discursos e práticas do Ministério da Saúde. Espero que o Dr. Arthur Chioro o leia.
Beto Volpe


É verdade que o Programa Brasileiro de AIDS tem avançado em questões importantes para o combate à epidemia. Universalização do acesso aos antirretrovirais, disponibilização de drogas mais modernas, testagem e cobertura de tratamento para soropositivos com 500 de CD4, ou mais, maior acesso a profilaxia pós-exposição, a pílula de dosagem única, entre outras medidas. Todas elogiáveis.

Mas não podemos nos enganar com a miragem do discurso oficial e com ufanismo desmedido. Subjacente ao discurso governamental ocultam-se os escombros das mortes, dos adoecimentos e das novas infecções. Entre 2007 até 2012, os números de novas infecções empacaram em, aproximadamente 40.000 novos casos. No mesmo período, os casos de óbitos estacionaram em 12.000. Vidas ceifadas pela indiferença. Apregoam a estabilidade, como se a mesma fosse um fenômeno natural, contra o qual nada pode ser feito. Mostram, sem nenhum pudor, números mágicos baseados em crescimento populacional e outras explicações mirabolantes. Esquecem que estamos falando de vidas humanas!

Não obstante as promessas, elas não se realizam. Aonde está a pílula de dose única, anunciada em belíssimo discurso oficial? Por que é tão difícil, quase impossível, acessar a profilaxia pós-exposição? Qual a explicação para a falta de leitos, médicos, consultas que demoram meses para se realizar, exames que demoram o triplo de tempo daqueles feitos na rede privada? O que justifica a falta de remédios para doenças oportunistas e efeitos colaterais? É sabido que muitas das questões são das esferas municipal e estadual, mas o poder central, com toda sua capacidade de persuasão, assiste a tudo, impassível.

O programa nacional adota uma política com viés biológico, esquecendo que a parceria com o movimento social de AIDS foi responsável pela resposta brasileira à epidemia. Desconsideram a história e se arvoram ao direito de detentores da razão, ocultando a verdade. Propagam um numero que parece ter sito retirado da cartola, sobre o numero de casos de soropositivos no país.

Diagnósticos tardios são responsáveis por inúmeras mortes, contudo, a testagem se resume ao espetáculo dos grandes eventos, servindo de vitrine para um programa que tem falhado com as pessoas vivendo com HIV e AIDS. Ong’s AIDS cerram suas portas por todo o Brasil, mas o programa assiste a tudo parecendo torcer, em surdina, por isso.

Esta realidade, caso não haja uma mudança de curso, desembocará inevitavelmente, num recrudescimento da epidemia de AIDS em nosso país, com todas as consequências já sabidas, ou seja, um aumento do número de novos casos, novas mortes, sofrimento e dor.

George Gouvea

Psicanalista

Vice-Presidente do Grupo Pela Vidda/RJ

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

De quantos mortos precisa o Brasil para reagir contra a homofobia?

Com muita tristeza compartilho artigo de Jean Wyllys sobre o assassinato (mais um) brutal de um adolescente gay, em Sampa. Lamentável, sob diversos pontos de vista.
Beto Volpe



Mais um. Em outros países, o brutal assassinato de um adolescente homossexual de 16 anos de idade seria uma notícia que comoveria a sociedade e nos chocaria a todos como poucas notícias nos chocam. Um garoto que ainda estava na escola, com toda uma vida pela frente, arrancado da existência, despojado de toda humanidade, com todos os dentes arrancados e uma barra de ferro dentro da perna. Um menino cheio de futuro que acaba seus dias com traumatismo craniano e intracraniano, com o corpo todo sujo, abandonado sem vida numa avenida da região central de São Paulo. Em outros países, seria manchete de capa de todos os jornais. A Presidenta falaria em cadeia nacional. O país inteiro reclamaria justiça. Os poderes públicos reagiriam de imediato. No Chile, um crime semelhante mudou as leis do país e fez governo e oposição coincidirem na necessidade de políticas públicas para enfrentar o preconceito contra a população LGBT. 

Daniel Zamudio, falecido no dia 27 de março de 2012 depois de vinte dias de agonia em um hospital de Santiago, acabou dando seu nome à lei contra a homofobia que o próprio presidente Piñera (um empresário católico de direita) se decidiu a apoiar. Daniel tinha sido golpeado até ficar inconsciente. Apagaram cigarros no corpo dele, desfiguraram seu rosto, o apedrejaram reiteradas vezes, arrancaram parte de sua orelha, bateram com uma garrafa na cabeça dele, quebraram suas pernas fazendo alavanca com elas até o limite da resistência dos ossos e desenharam três cruzes esvásticas na sua pele com troços de vidro. O país inteiro reclamou justiça e os assassinos, quatro jovens como ele que acreditavam que, por ser gay, não merecia viver, foram condenados pela justiça num processo histórico. O líder do grupo recebeu prisão perpétua. 

Mas no Brasil, Kaique Augusto Batista dos Santos é mais um, só mais um. Um dado mais numa estatística que, de tão terrível, já passa despercebida. Em 2012, o mesmo ano em que Daniel Zamudio perdeu a vida no Chile, 338 pessoas foram assassinadas por serem gays, lésbicas, travestis ou transexuais no Brasil, 27% mais que no ano anterior, que registrou 266 homicídios homo/lesbo/transfóbicos, 317% mais que em 2005, quando o Grupo Gay da Bahia contabilizou 81 casos. E esses números são apenas o pouco que sabemos, porque o Estado não investiga. São estatísticas informadas por uma organização da sociedade civil, recolhidas de matérias publicadas na imprensa e informação das famílias. O número real, portanto, deve ser maior. Kaique é mais um nessa estarrecedora lista de mortos com a qual o Brasil convive com naturalidade. Sua morte não é uma exceção, não surpreende ninguém, não abala o país. 

A Presidenta, como sempre, não disse nada. Para o governo Dilma, aliado do fundamentalismo religioso e das máfias que pregam o ódio contra todos aqueles que amam diferente, a morte desses meninos não é um fato importante, que mereça a atenção do Estado. A própria Presidenta já disse, justificando o cancelamento de políticas públicas de prevenção e combate à homofobia e ao buyilling nas escolas, que não faria "propaganda da homossexualidade", como se aquilo fosse possível. Vocês já imaginaram um governante dizendo, para explicar por que se opõe a qualquer política pública contra o racismo, que não admitirá a "propaganda da negritude"? Como eu já escrevi tempo atrás, em ocasião de outros assassinatos como este, em cada caso aparece, como pano de fundo, o discurso de ódio alimentado por igrejas caça-níquel e pela bancada fundamentalista no Congresso federal, que em 2013 ganhou de cínico presente, com o apoio da bancada governista, a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. 

É claro que a violência é praticada por pessoas violentas e os agressores são responsáveis por seus atos, mas não é por acaso que as vítimas dessas agressões sejam, repetidamente, jovens homossexuais, e que muitas vezes as pancadas venham acompanhadas por citações bíblicas. A culpa não é da Bíblia, mas dos charlatães que, em nome de uma fé que não têm, distorcem seu texto e seu contexto para usá-la contra a população LGBT, pregando o ódio e convocando a violência. Eles fazem isso por dinheiro e poder — ou você acha que realmente acreditam em alguma coisa? — e o resultado é um país que já se acostumou a assistir no Jornal Nacional à morte de mais um jovem gay, mais uma jovem lésbica, mais uma travesti ou uma pessoa transexual, vítimas do ódio irracional que os fundamentalistas promovem. Essa loucura tem de parar! E tem que parar a hipocrisia e o oportunismo dos políticos sem coragem que fazem de conta que não veem o que acontece e continuam subindo fazendo acordos com o fundamentalismo para ganhar minutos de TV e palanques na campanha. Isso custa vidas! Semanas atrás, o Senado federal enterrou o PLC-122, um projeto de lei que pretendia equiparar a homofobia ao racismo, agravando as penas dos crimes de ódio contra a população LGBT e punindo as injúrias homofóbicas e a incitação à violência e ao preconceito. 

É público que eu tenho diferenças de concepção com o texto desse projeto, porque acho que não é apenas pela via do direito penal que vamos acabar com a homofobia e porque acredito que o aumento do estado penal, inclusive nesses casos, não é uma boa ideia. Acredito que a homofobia deve ser crime, sim, e que não pode receber um tratamento diferente ao que recebem os crimes de motivação racista. Acredito, também, que os crimes violentos cometidos por motivo de ódio contra alguma das "categorias suspeitas" que o direito internacional reconhece (negros, judeus, mulheres, homossexuais, transexuais, estrangeiros de nacionalidades estigmatizadas, pessoas com deficiência etc.) devem ter suas penas agravadas, e que as injúrias e atos discriminatórios não-violentos devem receber penas alternativas — não a cesta básica ou a simples multa, mas penas socioeducativas que sirvam para "curar" essa doença social que chamamos preconceito. 

Contudo, também acredito que com isso não basta e que o direito penal não pode ser o eixo da política pública contra esse problema: precisamos de programas contra o buylling nas escolas, de campanhas nacionais contra o preconceito, de investimento público em políticas em favor da diversidade, de uma legislação que permita às pessoas se defenderem da discriminação no trabalho, no acesso aos serviços públicos e em outros âmbitos da vida social. Precisamos de uma forte e decidida ação dos poderes públicos para acabar com a violência homofóbica e com todas as formas de discriminação legal que a legitimam, por isso meu mandato impulsionou a campanha pelo casamento igualitário e a lei de identidade de gênero e promove regras para a inclusão e políticas afirmativas que favoreçam as minorias estigmatizadas. 

Contudo, a decisão do Senado de enterrar o PLC-122 não foi motivada por uma discussão séria sobre qual é a melhor política contra a homo/lesbo/transfobia, mas pela decisão da maioria dos senadores de que não haja nenhuma política contra ela. Não é por acaso que o pastor Silas Malafaia, um dos líderes do Ku Klux Klan antigay brasileiro, parabenizou os senadores e, em especial, o senador Lindberg Farias, um dos líderes da causa homofóbica no governista Partido dos Trabalhadores. E o enterro do PLC-122 veio coroar uma política de Estado, implementada pelo governo Dilma, que incluiu o cancelamento do programa "Escola sem homofobia", a destruição de todos os programas e projetos contra a discriminação no âmbito da saúde pública, a oposição ao casamento igualitário (regulamentado pelo Conselho Nacional da Justiça após uma ação promovida pelo meu mandato junto ao PSOL e à ARPEN-RJ, mas ainda engavetado no Congresso), além daquela desastrada declaração da Presidenta sobre a "propaganda homossexual", em linha com a retórica internacionalmente repudiada do governo russo de Vladimir Putin. 

Em meio a tudo isso, Kaique foi morto. Mais um. E mais outros virão. Quantos? De quantos mortos o Brasil precisa para reagir? Eu já disse uma vez e vou repetir. Cada uma dessas vítimas tem um algoz material — o assassino, aquele que enfia a faca, que puxa o gatilho, que "desce o pau", como o pastor Malafaia pediu numa de suas famosas declarações televisivas. Mas há outros algozes, que também têm sangue nas mãos. São aqueles que, no Congresso, no governo e nas igrejas fundamentalistas, promovem, festejam, incitam ou fecham os olhos, por conveniência, oportunismo, poder e dinheiro, cada vez que mais um Kaique é morto. Eles também são assassinos. Como deputado federal, mas também como cidadão gay desse país, e antes disso tudo, como ser humano não consegue conviver com a violência e o ódio como se fossem naturais, ficarei à disposição da família e dos amigos de Kaique e farei tudo o que puder para que esse e outros crimes sejam esclarecidos e não fiquem impunes. Como dizia o poeta Pablo Neruda, chileno como Daniel Zamudio, "por esses mortos, nossos mortos, eu peço castigo".

Jean Wyllys é deputado federal pelo PSOL.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Um médico italiano descobriu algo simples que considera a causa do câncer.

Gostaria muito que meus amigos e amigas da medicina falassem algo a respeito desse assunto. O site de onde foi extraído esse resumo é http://www.curenaturalicancro.com/summary-simoncini-sodium-bicarbonate-therapy.html e uma médica conhecida minha disse que não é uma ideia descabida. Mas é tanta pilantragem em nome da saúde pública que é bom sempre ter prudência.
Beto Volpe
curaquantica24
Inicialmente banido da comunidade médica italiana, foi aplaudido de pé na Associação Americana contra o Câncer quando apresentou sua terapia. O médico observou que todo paciente de câncer tem aftas.

Isso já era sabido da comunidade médica, mas sempre foi tratada como uma infecção oportunista por fungos - Candida albicans. Esse médico achou muito estranho que todos os tipo de câncer tivessem essa característica, ou seja, vários são os tipos de tumores mas têm em comum o aparecimento das famosas aftas no paciente.
Então, pode estar ocorrendo o contrário, pensou ele. A causa do câncer pode ser o fungo.
E, para tratar esse fungo, usa-se o medicamento mais simples que a humanidade conhece:bicarbonato de sódioAssim ele começou a tratar seus pacientes com bicarbonato de sódio,
não apenas ingerível, mas metodicamente controlado sobre os tumores.
Resultados surpreendentes começaram a acontecer.

Tumores de pulmão, próstata e intestino desapareciam como num passe de mágica, junto com as Aftas.
Desta forma, muitíssimos pacientes de câncer foram curados e hoje comprovam com seus exames os resultados altamente positivos do tratamento. Para quem se interessar mais pelo assunto, siga o link (em inglês):não deixem de ver o vídeo, no link abaixo. O medico fala em italiano, mas tem legenda em português . http://www.curenaturalicancro.com/
Lá estão os métodos utilizados para aplicação do bicarbonato de sódio sobre os tumores.
Quaisquer tumores podem ser curados com esse tratamento simples e barato.
Parece brincadeira, né?

Mas foi notícia nos EUA e nunca chegou por aqui.
Bem que o livro de homeopatia recomenda tratar tumores com bórax, que é o remédio homeopático para aftas. E os macrobióticos consideram o câncer uma manifestação natural do meio ácido.
Afinal, uma boa notícia em meio a tantas ruins.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Morre a atriz Marly Marley, ex-jurada do "Programa Raul Gil"

Sexta da semana passada eu e minha mãe fomos ao show do Ary em Santos e, em momento algum, ele transpareceu a situação pessoal pela qual estava atravessando. Deu um espetáculo de humor e profissionalismo, indo ao encontro da platéia ao final, batendo papo. Eu já sabia do estado de saúde de Marly, só aumentou minha admiração por ele. Descanse em paz, Marly.
Beto Volpe







Morre Marly Marley, aos 75 anos30 fotos

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9.jul.1987 - Marly Marley e seu marido, o ator e humorista Ary Toledo Divulgação
A ex-jurada do "Programa Raul Gil", ex-vedete e atriz Marly Marley morreu, aos 75 anos, na noite desta sexta-feira (10) no Hospital São Camilo, em São Paulo. De acordo com o hospital, ela morreu às 22h05 devido a complicações relacionadas a um câncer de pâncreas. 
O velório será a partir das 9h deste sábado (11) no Cemitério Morumbi, em São Paulo, e o enterro às 17h. O SBT vai exibir a última participação de Marly no "Programa Raul Gil", às 14h15 de hoje.
  • AgNews
    Emocionado, o humorista Ary Toledo concede entrevista durante o velório de Marly Marley
Em recente entrevista ao UOL, o apresentador Raul Gil afirmou que Marly teve que passar por uma cirurgia de emergência em dezembro e estava se recuperando na UTI. "O Ary [Toledo] está desolado, sem rumo, a família dele é a Marly", afirmou Raul sobre o estado emocional do marido da ex-vedete.
A atriz foi internada no dia 3 de dezembro devido a uma "descompensação clínica" e estava em tratamento quimioterápico para seu câncer, que era metastático – ou seja, causa formação de novas lesões tumorais a partir de outras.
O último boletim médico divulgado pela assessoria do São Camilo nesta quinta-feira (9) informou que a ex-jurada estava recebendo os devidos cuidados médicos e que seu estado era "grave, mas estável".  Ainda de acordo com as informações, Marly seguia internada sem previsão de alta.
Famosos lamentam
Pelo Twitter, famosos lamentaram a morte de Marly Marley. O diretor do "Programa Raul", Raul Gil Jr. se despediu da amiga. "Como sempre Deus tem seus caminhos...Marly Marley seu caminho foi de amor e paz. Te amo muito, vou sentir muitas saudades dos seus conselhos. Beijos", escreveu.
A apresentadora Sonia Abrão também lamentou. "Marly Marley...O Brasil perde mais uma estrela! Tá ficando muito escuro por aqui". 
O apresentador Leão Lobo também lamentou a morte da amiga, "Meu carinho ao meu amigo Ary Toledo", escreveu no Twitter. A atriz Susy Aryes escreveu: "Marly Marley super obrigada pela força , você foi super importante em minha vida, aprendi muito com você. Descanse em paz."
Pelo Facebook, Régis Tadeu, colega de júri do "Programa Raul Gil", disse que nunca vai se esquecer da atriz: "Minha amiga Marly Marley se foi... Tenho certeza que seu espírito está descansando neste exato momento. Nunca vou esquecer dela. Tive o prazer de trabalhar com ela no júri do 'Programa Raul Gil' e aprendi muito a respeito de como se comportar na TV ouvindo seu conselhos e 'broncas'. Mais ainda: tive a honra de ter me tornado seu amigo pessoal, o que muito me orgulha. Descanse em paz, querida amiga".
Carreira
Marly Marley nasceu na cidade de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, em 5 de abril de 1938. Nos anos 1960 ela atuou em diversas peças e programas televisivos, como "Miss Campeonato" e "O Amor Tem Cara de Mulher", passando por emissoras como Tupi, Excelsior e Band.
No cinema, a atriz trabalhou com ícones da sétima arte nacional como Mazzaropi e Dercy Gonçalves, em filmes como "O Puritano da Rua Augusta", "Casinha Pequenina" e "O Vendedor de Lingüiças".
Seu último trabalho no cinema foi "Chega de Saudade", de 2007, e por muitos anos foi jurada do "Programa Raul Gil", que passou pela Record, Band e atualmente é exibido pelo SBT. Marly foi casada com o humorista Ary Toledo por 45 anos.


Do UOL, em São Paulo

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Cuidado: viral com notícia antiga e falsa sobre AIDS volta à internet


Pessoal, está correndo pela internet um viral sobre a AIDS apregoando que o vírus HIV seria inofensivo e que os remédios é que seriam os responsáveis pela morte das pessoas. O autor dessas afirmações é um médico do grupo conhecido como 'comportamentalista' e é transcrito ao bel prazer de blogueiros de acordo com suas conveniências.

Com relação à afirmação acima, ela ignora os milhares de mortos pela AIDS da década de setenta até o advento do coquetel anti HIV em 1996, além de outras milhares que ocorrem anualmente por conta do diagnóstico tardio, seja esse diagnóstico no óbito ou na internação por um grave problema de saúde, ao ponto de ser impossível seu tratamento.

Ela ignora também a queda mortalidade por causas determinantes de AIDS (pneumonia, neurotoxoplasmose, etc) após o coquetel, sendo que eu sou uma das pessoas que em 96 estavam se segurando no tênue cordão que os médicos teimam em chamar de 'terminal', quando fomos abençoados por uma conquista da sabedoria humana.

É certo que os remédios também matam, são altamente tóxicos e são para a vida toda. Mas muitas podem ser evitadas e outras tantas controladas com um acompanhamento feito por um profissional atento e com os recursos de um sistema de saúde integral, universal e EQUÂNIME. Coloco o equânime em caixa alta, para lembrar esse pilar do SUS a técnicos e governantes que acreditam que a rede básica de saúde é suficiente para atender às pessoas cm HIV em situação 'confortável', palavra cunhada pelo próprio Ministério da Saúde para definir o que é viver com HIV sem sintomas. Com a palavra, as pessoas com HIV assintomáticas.

Que o doutor Peter Duesberg pergunte às pessoas que seguravam o tal fio se elas querem parar com o remédio. Minha resposta é sim, eu quero parar. Mas só quando isso for feito através da cura ou de alguma vacina terapêutica. Já fiz experiências desse tipo e só não me arrependo amargamente porque tenho uma boa retaguarda. Certa vez, durante o debate que seguiu à apresentação de um desses 'comportamentalistas' eu o desafiei a, após um check up que demonstrasse a inexistência de qualquer agente infeccioso em meu corpo, injetar meu sangue em sua veia, de forma monitorada por outros médicos. Assim ele poderia provar sua teoria. Ele aceitou? Sob risos, quieto ficou.

Como a 'notícia' é velha, já dá pra confrontar algumas de suas afirmações, como a de que o tal doutor teria ganho dois prêmios Nobel e que teria sido contratado pelo governo da África do Sul para coordenar o programa de AIDS local. Pois bem, o fato da África do Sul ter seguido seus ensinamentos causou uma verdadeira tragédia, vitimando centenas de milhares de pessoas. O país hoje tem um em cada três adultos infectados pelo HIV e a UNAIDS (órgão da ONU responsável pela resposta global à epidemia) afirma que a economia do país está em sério risco por conta da diminuição da expectativa de vida e de renda da população.

A propósito, no viral também é falado que o HIV não é novidade, ele teria sido identificado em 1938 pelos doutores Luc Montagnier e Robert Gallo. Nossa, o primeiro teria seis anos e o segundo, cinco. Deve ter sido essa precocidade que fez com que ambos fossem agraciados pelo Nobel de Medicina de 2008. Na realidade, o vírus HIV é originário do vírus SIV, encontrado em símios da África. Essa migração para os humanos teria ocorrido em torno de 1920, explicando a origem do vírus na África e também é um dos motivos pelos quais esse continente está sendo duramente castigado, apesar da reversão verificada em alguns países que, creiam, é baseada no tratamento integral e universal.

Agora, leitor amigo, se os argumentos que apresento aqui lhe convenceram de que esse viral não é somente falso, mas também insidioso e que representa um grande risco à saúde pública e individual do brasileiro, replique essa resposta. A contrapropaganda pode salvar a vida de algumas incautas pessoas que, como eu, querem parar com o remédio. Por favor, não caiam nessa ladainha. Acreditar na ciência faz bem à saúde.

Beto Volpe

Na contramão do mundo, Brasil amarga aumento no número de casos de HIV

Na contramão do mundo, Brasil amarga aumento no número de casos de HIV Ao mesmo tempo em que registra um aumento no número de infectados, o Brasil adota tratamentos considerados de ponta por especialistas e impulsiona o combate à Aids em países da América Latina 



Publicação: 27/12/2013 07:00 Atualização:




Mais de 35 milhões de pessoas estão infectadas pelo HIV no mundo, anunciou, neste ano, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids). O número de novos casos caiu 33% nos últimos anos, de 3,4 milhões em 2001 para 2,3 milhões em 2012. Na mesma direção, o número de mortes reduziu de 2,3 milhões em 2005 para 1,6 milhão no ano passado. Na contramão dessas taxas, o Brasil amarga um aumento no número de infectados. Em 2011, foram registrados 38.776 casos, o maior desde a descoberta da doença, segundo o mais recente boletim epidemiológico do Ministério da Saúde.



A perigosa estabilidade é observada nos três anos anteriores: 37.359, 38.188 e 38.529, respectivamente. O número de óbitos também encontrou ameaçador equilíbrio, com cerca de 12 mil mortes pela doença desde 2009. A taxa só é menor que a registrada em meados da década de 1990, antes do coquetel de antirretrovirais ser oferecido no atendimento público de saúde. Os dados não chegam a anunciar uma segunda epidemia da doença, apesar de se aproximarem dos números que causaram tanta comoção na época em que a Aids eclodiu no mundo ocidental.



“Em alguns meios artísticos, por exemplo, as pessoas perdiam alguém conhecido praticamente de três em três meses”, conta Edgar Hamann, professor e médico do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília. Mas o especialista desconfia que haja, no Brasil, um processo de banalização da doença, fenômeno também observado em países europeus. “As pessoas pensam: ‘Agora estão sobrevivendo, estão bem’. Então, acham que a Aids é curável, o que não é verdade.”



A mudança de mentalidade é vista como um retrocesso pelo médico, pois pode ter motivado uma queda no uso do preservativos, já constatada em pesquisas com jovens. “A gente não pode ver isso como um fenômeno individual. A pessoa está se descuidando por que não sabe, por que não procura se interar ou por que não está entendendo bem? Não é nenhuma dessas respostas. Normalmente, são atitudes que por baixo têm uma partilha, uma concessão de um grupo”, analisa o professor.



Epidemia concentrada



Diretor do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Fábio Mesquita considera a “nova interpretação” sobre a Aids controversa. “Precisamos ter um mecanismo de esclarecimento de que o medicamento é bom, tem eficiência e pode tornar a doença uma condição crônica controlável, mas o melhor é não tê-la.” Segundo Mesquita, o Brasil nunca esteve sob uma epidemia da doença que fosse considerada generalizada. Entre as três gradações usadas para a classificação internacional, o país sempre esteve em um estágio intermediário, chamado de epidemia concentrada.



“Ela é associada principalmente à população de alto risco, mas não só”, explica. A epidemia generalizada é vista em regiões como a África Subsaariana, onde mais de 1% da população tem o HIV (leia Para saber mais). “O Brasil nunca teve esse perfil da epidemia. Embora tivesse avançando bastante, (a doença) nunca tomou essa dimensão”, garante.



O mundo também observa um ressurgimento da infecção causado por comportamentos de risco, aumentado entre homens que fazem sexo com homens em vários cidades europeias. Em Amsterdã, por exemplo, foi relatado um aumento de 68% no comportamento sexual de risco entre esses homens — apesar das altas taxas de testes de HIV e acesso à terapia antirretroviral.



Esse fenômeno mostra sinais em terras brasileiras desde 2008, ano em que o número de homens infectados expostos por relação com outros homens era de 3.120. Nos três anos seguintes, subiu para 3.386, 3.678 e 3.709, respectivamente. Ainda assim, as maiores taxas de infecção desde os anos 2000 permanece entre a população heterossexual, especialmente mulheres. Essa é a forma de exposição que mais levou brasileiras a adquirirem o HIV — uma média de 90% das infecções no sexo feminino desde que o vírus surgiu no país.



Esforço regional



Apesar dos números intrigantes, o Brasil tem posição de destaque na América Latina e no Caribe quanto à garantia de acesso ao tratamento contra a Aids. O país está entre as sete nações que alcançaram uma cobertura universal (maior de 80%). As outras são Argentina, Barbados, Chile, Cuba, Guiana e México, de acordo a Organização Mundial da Saúde e Organização Panamericana de Saúde (OMS/OPAS). Segundo Monica Alonso, conselheira da OMS/OPAS para HIV e Doenças Sexualmente Transmissíveis, o Brasil é um dos líderes da região quanto ao acesso e à medicação antirretroviral, e caminha para políticas que permitirão a intervenção mais precoce contra o vírus. “Melhorias no Brasil têm um impacto nas figuras regionais, sim, no entanto, há uma direção comum de todos os países da região.”



Para Alonso, a América Latina e o Caribe contam com um forte apoio político para o HIV, bem como as redes da sociedade civil. “Um exemplo disso é o Grupo de Cooperação Técnico Horizontal, em que os chefes dos programas nacionais de HIV trocam informações e discutem ações para uma resposta mais articulada na região.” Os números referentes a 2012 representam uma melhoria de 10% em comparação aos coletados dois anos antes pela instituição. Em dezembro de 2012, 725 mil pessoas recebiam antirretrovirais na região, ou 75% do total estimado com necessidade de tratamento.

Fonte: Correio Braziliense