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Sou muito humorado. Se bem ou mal, depende da situação...

Em 1989 o HIV invadiu meu organismo e decretou minha morte em vida. Desde então, na minha recusa em morrer antes da hora, muito aconteceu. Abuso de drogas e consequentes caminhadas à beira do abismo, perda de muitos amigos e amigas, tratamentos experimentais e o rótulo de paciente terminal aos 35 quilos de idade. Ao mesmo tempo surgiu o Santo Graal, um coquetel de medicamentos que me mantém até hoje em condições de matar um leão e um tigre por dia, de dar suporte a meus pais que se tornaram idosos nesse tempo todo e de tentar contribuir com a luta contra essa epidemia que está sob controle.



Sob controle do vírus, naturalmente.



Aproveite o blog!!!



Beto Volpe



sábado, 25 de janeiro de 2014

Psicanalista comenta sobre o que há de verdadeiro e oculto acerca do Programa Brasileiro de AIDS.

Pessoal, compartilho com vocês artigo de meu querido amigo George Gouvea sobre o que se vê e o que está oculto nos discursos e práticas do Ministério da Saúde. Espero que o Dr. Arthur Chioro o leia.
Beto Volpe


É verdade que o Programa Brasileiro de AIDS tem avançado em questões importantes para o combate à epidemia. Universalização do acesso aos antirretrovirais, disponibilização de drogas mais modernas, testagem e cobertura de tratamento para soropositivos com 500 de CD4, ou mais, maior acesso a profilaxia pós-exposição, a pílula de dosagem única, entre outras medidas. Todas elogiáveis.

Mas não podemos nos enganar com a miragem do discurso oficial e com ufanismo desmedido. Subjacente ao discurso governamental ocultam-se os escombros das mortes, dos adoecimentos e das novas infecções. Entre 2007 até 2012, os números de novas infecções empacaram em, aproximadamente 40.000 novos casos. No mesmo período, os casos de óbitos estacionaram em 12.000. Vidas ceifadas pela indiferença. Apregoam a estabilidade, como se a mesma fosse um fenômeno natural, contra o qual nada pode ser feito. Mostram, sem nenhum pudor, números mágicos baseados em crescimento populacional e outras explicações mirabolantes. Esquecem que estamos falando de vidas humanas!

Não obstante as promessas, elas não se realizam. Aonde está a pílula de dose única, anunciada em belíssimo discurso oficial? Por que é tão difícil, quase impossível, acessar a profilaxia pós-exposição? Qual a explicação para a falta de leitos, médicos, consultas que demoram meses para se realizar, exames que demoram o triplo de tempo daqueles feitos na rede privada? O que justifica a falta de remédios para doenças oportunistas e efeitos colaterais? É sabido que muitas das questões são das esferas municipal e estadual, mas o poder central, com toda sua capacidade de persuasão, assiste a tudo, impassível.

O programa nacional adota uma política com viés biológico, esquecendo que a parceria com o movimento social de AIDS foi responsável pela resposta brasileira à epidemia. Desconsideram a história e se arvoram ao direito de detentores da razão, ocultando a verdade. Propagam um numero que parece ter sito retirado da cartola, sobre o numero de casos de soropositivos no país.

Diagnósticos tardios são responsáveis por inúmeras mortes, contudo, a testagem se resume ao espetáculo dos grandes eventos, servindo de vitrine para um programa que tem falhado com as pessoas vivendo com HIV e AIDS. Ong’s AIDS cerram suas portas por todo o Brasil, mas o programa assiste a tudo parecendo torcer, em surdina, por isso.

Esta realidade, caso não haja uma mudança de curso, desembocará inevitavelmente, num recrudescimento da epidemia de AIDS em nosso país, com todas as consequências já sabidas, ou seja, um aumento do número de novos casos, novas mortes, sofrimento e dor.

George Gouvea

Psicanalista

Vice-Presidente do Grupo Pela Vidda/RJ

5 comentários:

  1. oi criei tabela da cadeia de eventos da existencia toda humanidade esta ultrapassada por essa tese

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  2. Muito interessante o artigo, bom ter um blog como o seu pra nos informar sobre o que anda acontecendo por trás dos bastidores. Parabéns, meu amigo querido! ;-)

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  3. É triste ver o trabalhado desenvolvido por poucos que ainda sobrevivem e muitos que já partiram se transformar em descaso da saúde pública!

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  4. beto, permite que eu, citando fonte e origem, publique este texto no mue blog?

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    1. Claro, soropositivo, mas não se esqueça que não é um artigo meu, é de George Gouvea, do Rio. Abração.

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