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Sou muito humorado. Se bem ou mal, depende da situação...

Em 1989 o HIV invadiu meu organismo e decretou minha morte em vida. Desde então, na minha recusa em morrer antes da hora, muito aconteceu. Abuso de drogas e consequentes caminhadas à beira do abismo, perda de muitos amigos e amigas, tratamentos experimentais e o rótulo de paciente terminal aos 35 quilos de idade. Ao mesmo tempo surgiu o Santo Graal, um coquetel de medicamentos que me mantém até hoje em condições de matar um leão e um tigre por dia, de dar suporte a meus pais que se tornaram idosos nesse tempo todo e de tentar contribuir com a luta contra essa epidemia que está sob controle.



Sob controle do vírus, naturalmente.



Aproveite o blog!!!



Beto Volpe



segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Abra seu coração

Descrição da imagem: capa do livro onde uma colorida revoada de borboletas de asas ovaladas alcança o título, ja envolvendo os nomes dos autores.

'Para a gente ter acesso as pessoas precisam abrir o coração.'
Bia
Quando as pessoas vêm para esta vida com a incumbência de serem especiais, algumas capricham. Em um mundo cada vez mais desinformado, apesar de tanta informação, ler Bia declarando sua preocupação com a falta de informações da sociedade poderia ser mais uma de tantas apreensivas afirmações sobre o futuro de nossa civilização. Mas Bia tem síndrome de Down e ela não escreveu isso em seu blog ou em seu diário, apesar da importância de ambos. Tanto essa passagen como várias outras estão registradas em um livro a ser lançado no próximo dia 21 de março na sede da ONU nos Estados Unidos. Bia, Thiago, Cláudio e os demais jovens da Associação Carpe Diem de São Paulo terão a oportunidade de gritar ao mundo, ao lado de Ban Ki-moon: MUDE SEU FALAR QUE EU MUDO MEU OUVIR !

Smples assim. Porque o universo das pessoas com Síndrome de Down seria extremamente simples, não fossem as barreiras criadas pela sociedade em todas as áreas de suas vidas, mas especialmente na da comunicação. E o livro trata exatamente disso, de dicas simples para que a informação possa fluir nos dois sentidos, produzindo a sinergia que se espera quando a diversidade co-existe e é valorizada.

Parabéns ao pessoal da Associação Carpe Diem pelo belo trabalho realizado, do qual tenho orgulho de ter participado, mesmo que uma ínfima fração. Parabéns Marta Gil pela inspiração e piração da galera ao plantar a semente desse trabalho, com direito a um belo prefácio. E parabéns, especialmente, a todos esses e essas jovens que decidiram que iriam fazer algo para solucionar um grande problema de comunicação de nossa sociedade e tomaram a atitude de expôr suas vidas em um registro belíssimo e rico em orientações para que possamos cumprir com o objetivo do livro: que nos adaptemos, provocando adaptações. 

O lançamento será por ocasião do Dia Mundial da Síndrome de Down, o primeiro oficial, atendendo a proposta brasileira aprovada por consenso pela Assembléia Geral da ONU em dezembro passado, sendo celebrado no dia 21 de março de todos os anos. Quem se interessar em adquirir a obra pode acessar http://www.carpediem.org.br/si/site/0700 para maiores informações. Apenas para dar água na boca, aí vão algumas pérolas retiradas da obra:

'O meu grande sonho é que meu pai biológico lesse esse livro. Porque para ele vai ser super importante, para ele saber que eu estou aqui. Espero que esse livro ajude muito meu pai.'
Bia

'...nós com deficiência intelectual, nós somos especiais, mas somos a esperança do futuro e do mundo. ... nós somos a esperança de dar um livro de presente para todos vocês. Ele fala sobre a alma. Ele fala sobre emoção. Esse livro foi alegria para nós... um filho.'
Thiago
'Eu já senti tanto preconceito nas ruas! As pessoas me olham de um jeito estranho e tal. E aí, eu tive coragem de falar com eles. Precisam amar todas as pessoas que têm na vida!'
Cláudio

É isso aí, galera. Vocês nos passam a sabedoria ancestral de que para mudar é preciso abrir o coração. E não há coração endurecido que não se abra a pessoas... Simples assim.

Beto Volpe

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

DIREITOS HUMANOS E A DEMOCRACIA SITIADOS EM SÃO PAULO

Pessoal, compartilho nota do Movimento Nacional de Direitos Humanos sobre as recentes intervenções policiais em assuntos pra lá de delicados.
Beto Volpe

 Descrição da imagem: desenho de exemplar da constituição brasileira rasgada ao meio.

"Nós representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada numa harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos sob a proteção de Deus a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil". 
(Preâmbulo da Constituição Federal de 1988)

Em apenas 30 dias o Estado de São Paulo prenuncia o rompimento com a República Federativa do Brasil violando a Constituição Federal de 1988 por omitir do artigo 1º ao 227 da Carta Magna, violando todos os Tratados e Convenções de Direitos Humanos do qual o Brasil é signatário.

A sociedade Civil e entidades de atuação em Direitos Humanos, redes de serviços de saúde e social e demais movimentos sociais sentem São Paulo sitiado, na medida em que Governo Estadual, a Prefeitura de São Paulo, a Prefeitura de São José dos Campos, o Tribunal de Justiça do Estado e a omissão do Ministério Público Estadual protagonizaram na história do país, que em menos de um mês desencadeou uma onda de violações de Direitos Humanos, massacrando, torturando, agredindo, espoliando pessoas de menor potencial econômico.

Os poderes constituídos pela legitimação constitucional e republicana não cumprem os desígnios democráticos dos princípios políticos e jurídicos, passando longe do preâmbulo constitucional.

No final de dezembro assistimos um incêndio criminoso na favela do Moinho, sendo que até hoje as famílias não foram atendidas pelas políticas públicas, nem de moradia e nem de assistência social, ao contrário, a população que perdeu a moradia num suposto incêndio criminoso além de estarem na rua, são constantemente agredidos e torturados por policiais militares.

No ultimo dia 2 de janeiro em pleno recesso do Poder Judiciário, do Ministério Público, da Assembléia Legislativa e da Câmara Municipal, em operação conjunta entre Prefeitura de São Paulo e Governo de Estado, a Policia Militar com apoio do Tribunal de Justiça (mesmo em recesso) deflagraram uma completa higienização social, transformando os bairros de Campos Elíseos e da Luz numa praça de guerra e num campo de concentração, decretando Estado de exceção à população em situaçãode rua e usuários de crak e outras drogas, com a escusa de combater o tráfico de entorpecentes.

Relatos que ainda estão sendo colhidos revelam que a PM cometeu todo tipo de agressão física, psicológica e tortura, entre elas a prática de fazer grupos moradores andarem em círculos até caírem no chão de exaustão. A PM durante dias ocupou o bairro, torturou pessoas na rua, e não obstante passou a atacar trabalhadores pobres despejando milhares de pessoas de dentro de suas casas de aluguel. O pano de fundo desta operação militarizada é um Governo Municipal e Estadual a serviço da especulação imobiliária, cujo projeto de remodelação urbana denominadas de "Barra Funda - Agua Branca" e "Nova Luz" afeta tanto a Favela do Moinho incendiada como a área conhecida como "Cracolândia". Estima-se que a operação militar tenha custado aos cofres públicos mais de 3 milhões de reais.

Centenas de pessoas foram presas, mas nenhum traficante de grande porte, e aos usuários nenhum serviço de saúde foi oferecido e qualquer política de moradia está sendo ofertada. Ao contrário a Prefeitura está neste momento efetuando as expropriações privadas entregando-a a empresários do setor imobiliário.

Iniciativas tímidas tomadas pelo Ministério Público da coordenação de Direitos Humanos, foram veemente repelidas pelos colegas promotres que ocupam cargos no executivo, deixando a sociedade sem poder de controle externo e fisacilização.

No caso do Pinheirinho em São José dos Campos a estratégia militar não foi diferente do que ocorreu dias antes na "cracolandia" na Capital, sempre de surpresa agiram com truculencia e procedimento de guerra, tratando a população como inimigos. Apesar do acordo firmado com as liderança políticas e entes governamentais no dia 18 de janeiro, a juíza Márcia Maria Mathey da 6ª Vara Cível do Foro de São José dos Campos no dia 20 ignorou o acordo e mandou cumprir a ordem.

As imagens e o noticiário que circularam pela midia dão conta de quão cruel e covarde foi a operação de desocupação, bem como revelam todo tipo de truculência e desrespeito ao ser humano. O que as imagens não revelam são fatos atipicos, porém corriqueiros em São Paulo, que colocam o estado democratico de direito em xeque.

O mais grave desta reintegração de posse é que o próprio Tribunal de Justiça de São Paulo, por meio do assessor do presidente do TJSP - Rodrigo Capez, irmão do promotor de justiça e atualmente deputado estadual pelo PSDB Fernando Capez, é quem conduziu a operação pinheirinho junto com o Comando da Tropa de Choque da PM. Outro fato relatado pelo deputado estadual Marco Aurélio, que apesar do Comandante receber um mandado liminar do Tribunal Regional Federal suspendendo a desocupação denegou o cumprimento alegando não receber ordens a não ser do Governador Geraldo Alckmin e do Presidente do Tribunal de Justiça. Com relação ao imóvel com dividas de impostos territoriais em R$ 16 milhões e a massa falida ser devedora da Fazenda estadual, os custos desta operação pode ter ultrapassado a R$ 2 milhões de reais com a mobilização de mais de dois mil homens da PM além de três helicópteros, armas e bombas, máquinas, tratores e caminhões. Mais uma vez vimos o Estado Militar trabalhando em favor
do capital especulativo em detrimento da violação dos direitos humanos e moradia da população pobre. Ainda hoje as 6 mil pessoas estão sitiadas em 3 acampamentos, 2 cedidos pela Prefeitura, em condições infra-humanas, sem água, banheiros, alimentação precária, e estão sendo vigiados pela PM e possuem proibição de saírem dos alojomentos. O Conselho Tutelar não compareceu no despejo e nem comparece nos alojamentos.

As imagens transmitidas pela mídia oficial e pelos blogs tanto no caso Pinheirinho como no caso da "Cracolândia", são suficientes para demonstrar o resultado da guerra que o Estado de São Paulo patrocinou contra pessoas desarmadas e famintas por Justiça Social, em que o peso ao Capital imobiliário e especulativo tem mais valor do que a vida humana, rompendo-se com estado democrático de direito.

O MNDH-SP não dissocia nestes 30 dias nenhuma das operações da Policia Militar a mando do Governo do Estado, pois há pelo menos duas coincidências que antecedem as estes episódios: 1 - No caso da "cracolândia" o Ministro da Saúde Padilha havia estudado o caso da situação de usuários de crak em São Paulo e estava para lançar e apoiar pelo menos dois projetos na Cidade para atendimento de saúde e social aos usuários, mas o Governo do Estado se antecipou no que chama de "operação Cracolandia". 2 - No caso do Pinheirinho o Ministério das Cidades estava presente nas negociações para solucionar a demanda, acordo pautado dia 18 de janeiro perante a 18º Vara Cível no processo de falência e mais uma vez o Governo do estado se antecipou. O recado dado é que em São Paulo os Direitos Humanos e a democracia estão sitiados, e o diálogo é com a PM.

Embora na vigência do estado democrático de direito, o que assistimos neste momento é um Governo Militar em que os direitos políticos e civis das pessoas não são respeitados, havendo um poder centralizado no Palácio dos Bandeirantes que controla a Justiça, o Legislativo e também o Ministério Público e todo poder emana da Policia Militar.

Estranhamente com a quantidade de violações a Constituição Federal e a outras normas, o Procurados Geral do Estado permanece inerte.

Entidades do MNDH de SP, solicitaram ao CONDEPE-SP - Conselho Estadual de Defesa da Pessoa Humana que promova um relatório oficial sobre os 3 casos graves de violações de Direitos Humanos e que afeta a toda sociedade paulista e brasileira, colhendo depoimentos, imagens e outras provas sobre tais violações constantes e permanentes patrocinadas pelo Estado, com o fito de mostrar as autoridades políticas brasileiras para que percebam que a Constituição Federal não vigora no Governo do Estado atualmente, colocando em risco a democracia conquistada as duras penas e garantidas na Lei. A independência dos três poderes deve ser garantida sob pena da República estar correndo o risco de ser banida nas esferas públicas e políticas. A Polícia Militar não cumpre seus desígnios constitucionais e nem protege a população, continuando a promover um verdadeiro controle militar social.

Estes fatos devem ser alvos de Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI, mas como em SP o legisllativo há 10 não é aprovada nehuma CPI por submissão da maioria dos parlamentares ao império do PSDB, deve ser
iniciado uma CPI no Congresso Nacional ante a quebra do pacto Federativo permeado na Constituição Federal, e pelo fato das violações contumazes de todas as instituições no Estado de São Paulo aos Direitos Humanos seja por ação seja por omissão.

O CONDEPE - Conselho Estadual de Defesa da Pessoa Humana realizará no dia 30 de janeiro na Câmara Municipal de São José dos Campos uma audiência Pública. No dia 7 de fevereiro estará colhendo relatórios sobre a situação da "Operação Cracolandia" e da favela do Moinho.

O MNDH-SP repudia ao fascismo do PSDB paulista e de seu Governador que aparelhado pelo capital imobiliário e especulativo, deturpa as instituições públicas o seu bel prazer e rasga a Constituição Federal, e deve ser responsabilizado por todas as violações cometidas pelo seu exercito particular (PM), pois a sociedade não aceita ser governado por este militarismo.

Rildo Marques de Oliveira

MNDH-SP

Coordenação Nacional do MNDH

domingo, 22 de janeiro de 2012

Pesquisa da UFBA usa células-tronco para tratar necrose em ossos Tratamento é eficaz em casos de necrose em estágio inicial.

Descrição da imagem: cabeça de fêmur com setinhas indicando as deformações em sua superfície causadas pela necrose.

Pessoal, segue matéria veiculada anteontem no Correio. Gracias, Jorge F.

Depois me digam se a lógica é mais ou menos essa, ou não:

O grande lance é o diagnóstico precoce, né?
Pra isso ser bem feito tem que existir sinergia entre as disciplinas médicas, né?
Pra que isso aconteça entre os deuses de branco tem que ter pressão, né?
Pra ter pressão tem que ter sociedade civil organizada, né?
Pra sociedade civil se organizar tem que ter ativista, né?
Ativista que é Ativista tem que ser independente, né?
Ih, fodeu...

Beto Volpe

Pesquisadores do Hospital das Clínicas da Universidade Federal da Bahia desenvolveram um tratamento contra doenças nos ossos com a aplicação de células-tronco. A técnica é eficaz na maioria dos casos de necrose em estágio inicial.

Na Bahia, o tratamento com as células-tronco ganha importância porque o estado tem a maior incidência do país de anemia falciforme, uma alteração genética no sangue que causa, entre outras complicações, a morte do tecido ósseo. A doença atinge principalmente a população negra, que é maioria no estado.

Os médicos retiram células-tronco mesenquimais do osso da bacia do próprio paciente. Essas células, que se transformam facilmente em tecidos diferentes, são injetadas nas áreas atingidas e substituem as células ósseas mortas. O tratamento tem sido usado principalmente no fêmur.

"O grau de eficácia está em torno de 93% a 95% dos pacientes que se submetem a este tratamento. Eles praticamente abandonam a bengala 30 dias depois, a dor deixa, desaparece 48 horas depois e eles retomam a marcha próximo do normal", garantiu Gildásio Daltro, ortopedista coordenador da pesquisa.

O novo tratamento já beneficiou 60 pessoas de vários estados.

O engenheiro Antônio Palmeira sofria de uma necrose de causa desconhecida que prejudicava tanto o fêmur direito quanto o esquerdo, e o tecido morto se recuperou após a injeção das células-tronco.

"Já estava perdendo os movimentos das pernas, não estava caminhando normalmente. Quando eu caminhava um pouco a perna ficava meio rígida, e tinha até dificuldade de dobrar a perna neste período", contou o engenheiro.

A dona de casa Ana Cristina recuperou a mobilidade da perna esquerda. Ainda manca da direita, mas já se sente mais confortável. “Quando eu via o carnaval na televisão eu chorava. Aí, depois da cirurgia, eu disse: 'este ano eu vou'. Quando eu cheguei em casa, eu cheguei maravilhada, eu consegui", comemorou.

Júlio César Alves se aposentou por invalidez devido aos problemas causados pela anemia falciforme. Ele fez o transplante no fêmur e quer fazer o procedimento também no ombro. "Eu espero que seja feito no ombro o mesmo tratamento que foi feito na perna, porque o efeito foi muito bom”, comentou. As informações são da TV Globo.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Fuga do século 21


Descrição da imagem: pessoas flutuam ao centro de um ginásio repleto de espectadores

Quase todo mundo que conheço está se queixando de falta de memória, que não consegue lembrar o que comeu na última refeição e nem o que fez na noite anterior. E acho que não é só com meu círculo de amizades, já assisti a alguns programas de TV e li matérias relatando que o ritmo de vida de hoje está trazendo conseqüências negativas para nosso sistema nervoso. Em especial a multitarefa, que pode ser exemplificada através da pessoa que está operando um computador, atendendo ao telefone e dando uma informação ao colega do lado ao mesmo tempo. A gente acaba dando conta, o mundo moderno nos exige isso, mas não há condições orgânicas para arquivamento do que aconteceu. Mas outro tipo de memória está sendo apagado à medida em que nossos minúsculos aparelhos de comunicação têm a sua aumentada. É a memória histórica, a simples existência de algo antes do agora.

Engraçado como os filmes e séries de ficção científica estão sendo atropelados pela realidade. Tecnologias previstas para um futuro distante já estão disponíveis ou prestes a fazer parte do arsenal tecnológico desenvolvido pela raça humana. Dos celulares e raios faser do capitão Kirk aos videofones e andróides de Blade Runner conseguimos antecipar várias dessas maravilhas que facilitam nossa comunicação e nossa vida. Acabei lembrando de 'Fuga do Século 23' onde o controle de população seria possível através da política 'para cada humano que nasce um deve morrer' onde em um show cultural gigantesco,  o Carrossel, acontecia a apoteótica eliminação daqueles que completassem 30 anos, transformando-se em uma sociedade obcecada por juventude e para a qual não existia história anterior e muito menos perspectivas de uma futura.

Será que não estamos também antecipando os pesadelos sociais que normalmente regem esses mundos futuristas? Afinal, já somos uma sociedade obcecada por formas físicas e padrões BBB que ai, se eu te pego! Já estamos apagando nosso passado de forma a tornar fatos históricos de grande relevância em uma mitologia moderna que um dia descolorirá. É muita informação, é muito relacionamento real e virtual, não dá para armazenar tudo. Com isso, 140 toques passam a ser suficientes para dar forma a uma idéia e o que ultrapassar esse limite não tem vez. Tudo bem, eu adoro escrever para uma amiga que atua nos Médicos sem Fronteiras no Congo e ela responder em instantes. Amo poder escrever minhas bobagens neste blog e ter leitores assíduos nos cinco continentes. Mas as relações reais não são baseadas nas obviedades. A imensa diversidade de sutilezas é o verdadeiro tesouro do ser humano. Da mesma forma que um sabor sucede a outro em uma gastronomia elaborada, nós estamos sempre aprendendo mais sobre o outro e sobre nós mesmos. E isso, em 140 toques, não é possível.

As pessoas ficaram muito mal acostumadas com o pronto atendimento de suas necessidades, praticamente tudo que existe pode ser acessado através de um botão. Controles remotos, micro ondas, disk tudo, smart phone, ir a uma reunião virtual, tudo já vem pronto e rápido para nosso deleite. O problema é que passamos a esperar isso de nossos semelhantes nas relações sociais. Eu quero, porque quero, uma companheira que seja a metade da minha laranja. Eu quero, porque quero, que a sociedade seja do jeito que eu acho que deveria ser. Eu quero, porque quero. E quando damos de cara com uma realidade que não tem nada de simples mulheres são assassinadas por seus ex companheiros, rapazes são mortos por conta de sua forma de amar. A intolerância cresce porque não houve um conhecimento prévio, houve um preconceito. E a banalização aumenta porque, no final das contas, tudo será descartado.

Da mesma forma que as pessoas de 30 anos eram voluntariamente descartadas no Carrossel do século 23. Para elas só existia o agora, o antes já era e o futuro nunca será. Sim, porque quando a gente admite que o certo seja descartar o que passou está se condenando ao mesmo destino. E me desculpem, por mais aberto a novidades e praticidades que eu seja, não consigo me adaptar a esse estilo de vida. Eu quero sentir cada sabor, cada aroma, cada sensação, cada palavra em toda sua profundidade e não em 140 toques. E se o futuro não permitir isso, vou arrumar um jeito de fugir do século 21 antes que eu seja descartado.

Beto Volpe

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Invalidez por acidente de trânsito dispara

Pessoal, o foco da matéria é o aspecto econômico, tanto que o editor é de 'Mercado' (aspas da reportagem). Mas existem dramas terríveis em cada uma das 266 mil vidas que mudaram de rumo dramaticamente no ano passado. Um quarto de milhão de brasileiros e brasileiras entraram no ano de 2011 para uma situação de deficiência ou de mobilidade reduzida por conta da guerra no trânsito impactando não somente o INSS e outros órgãos governamentais. Trouxeram consequências para muitas famílias, afinal, a maioria dessas vítimas é composta de jovens.
Beto Volpe


Descrição da imagem: acidente no qual uma moto branca ocupou os assentos dianteiros de um carro popular vermelho. A cena insólita está circundada por transeuntes e curiosos.

Maior parte dos casos é de jovens em idade economicamente produtiva; gasto previdenciário chega a R$ 8,6 bi
Casos de invalidez permanente de vítimas do trânsito se multiplicaram por quase 5 de 2005 a 2010


ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO
PAULO MUZZOLON
EDITOR-ADJUNTO DE “MERCADO”
"Sempre fui dinâmica, independente. Agora, não consigo trabalhar."
Desde que sofreu um acidente com moto, há um ano, Carlita Tarsiana Carvalho, 28, está afastada pelo INSS. Ela torce para recuperar os movimentos do braço esquerdo, hoje totalmente paralisado. "Já passei por cirurgia, mas não obtive resultado algum", diz ela, que trabalhava em um supermercado, repondo mercadorias nas prateleiras.

A história de Carlita representa uma situação cada vez mais comum. Casos de invalidez permanente entre vítimas de acidentes de trânsito se multiplicaram por quase cinco entre 2005 e 2010, passando de 31 mil para 152 mil por ano. Nos primeiros nove meses de 2011, houve novo aumento de 52%, para 166 mil, segundo números do Dpvat, seguro obrigatório pago por proprietários de automóveis.
Os dados revelam que a maioria dos acidentados - mais de 70% dos casos em 2011- usava moto e está em plena idade economicamente ativa (entre 18 e 44 anos).

O quadro preocupa a Previdência Social, que teme ter de arcar com os custos de uma geração de jovens aposentados por invalidez. "O que mais tem crescido é a concessão de aposentadoria por invalidez devido a acidentes com motos", diz Leonardo Rolim, secretário de Políticas de Previdência. "Há trabalhadores que só contribuíram [à Previdência] por cinco anos, mas que vão receber aposentadoria por invalidez pelo resto da vida." Projeções apontam que o INSS gastou R$ 8,6 bilhões com benefícios gerados por acidentes de trânsito. A cifra representa 3,1% de todas as despesas previdenciárias.

PREJUÍZO ECONÔMICO
O Dpvat classifica os casos de invalidez como leves, moderados e graves. O INSS considera que há situações em que, depois de um período de tratamento, o beneficiário pode voltar a trabalhar, ainda que em outra função. Mas, segundo especialistas, crescem os casos em que o trabalhador acaba tendo de se aposentar. Antônio Carlos de Souza, 49, acha que dificilmente voltará a ser motorista: "Não consigo subir escada ou dirigir, e já estou afastado há mais de três anos". Souza dirigia o carro da empresa onde trabalha numa tarde de dezembro de 2008 quando uma Kombi o atingiu. Após o acidente em estrada entre Jundiaí e Campinas (SP), ficou com uma perna mais curta do que a outra.

Segundo Ricardo Xavier, diretor-presidente da Seguradora Líder, que administra o Dpvat, o forte aumento da frota de carros e principalmente de motos nos últimos anos explica a explosão dos casos de invalidez. "Qualquer acidente de moto pode gerar invalidez porque o motorista é mais vulnerável", afirma Xavier. De 2001 a 2011, as vendas de motos quase triplicaram, chegando a 1,94 milhão no ano passado. Em 2011, as vendas de carros atingiram 2,65 milhões de unidades, pouco mais que o dobro das de 2001.

O engenheiro e sociólogo Eduardo Vasconcellos diz que a explosão dos casos de invalidez gerados por acidentes com moto representa um prejuízo para os acidentados e para a economia do país. Ele diz que o cenário de acidentes com motos tende a piorar ainda mais nos próximos anos. "Existe um grande desafio que é o que fazer com as motocicletas." A preocupação com o problema levou a Previdência a reivindicar participação no Contran (Conselho Nacional de Trânsito) para participar da discussão e da elaboração das políticas de trânsito.

Fonte: Folha SP

sábado, 14 de janeiro de 2012

Molécula de planta faz o vírus da Aids 'sair da toca'


Descrição da imagem: um grande átomo reluz sobre duas palmas da mão em posição conchinha.

Uma molécula extraída de uma planta do Piauí parece ser uma arma potente contra o HIV, aponta pesquisa da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e de um laboratório de Campinas. A substância ativa o chamado HIV latente sem matar a célula em que ele está.

Quando o vírus se encontra nesse estado, o sistema de defesa do organismo e os medicamentos atuais não conseguem eliminá-lo, porque o DNA do HIV se integra ao de algumas células. Assim, mesmo que o coquetel de drogas elimine o vírus ativo, o latente pode ressurgir quando a pessoa deixa de tomar a medicação. Ao ativar o HIV latente, a molécula permite que ele possa ser combatido pelas drogas do coquetel, de acordo com um dos pesquisadores da UFRJ, Amilcar Tanuri.

"A ideia é que a molécula possa eliminar o reservatório que guarda a 'semente' do HIV", afirma Tanuri.
Segundo Luiz Pianowski, pesquisador do laboratório Kyolab e coordenador do trabalho, uma empresa será contratada para fazer testes em macacos. As primeiras avaliações em humanos podem ocorrer em um ano. A molécula será patenteada. Para o infectologista Esper Kallás, é preciso ter cautela com o achado porque há uma longa distância entre um estudo pré-clínico e o uso da substância em pacientes.

Folha.com 

Campanha antiaçúcar em Nova York adota estratégia de cigarros


Homem sentado, perna amputada, muletas encostadas na parede. Em primeiríssimo plano três copos plásticos em tamanhos crescentes da esquerda para a direita evidenciando o aumento progressivo de sua capacidade.

A Prefeitura de Nova York retomou sua campanha antiobesidade e colou cartazes no metrô que exibem um diabético com a perna amputada pelo consumo excessivo de refrigerantes. A estratégia de usar fotos impactantes para conscientizar a população sobre hábitos prejudiciais à saúde segue a mesma linha da dos cigarros. A iniciativa já havia sido adotada antes, mas a imagem era outra --consumidores levavam à boca porções de gordura.

A campanha atual traz ainda uma frase: "Corte suas porções, corte seu risco". A Associação Americana de Bebidas se manifestou contra por considerar que a imagem imprecisa que não retrata o impacto dos refrigerantes à saúde.

Nos EUA, o tamanho das embalagens de bebidas duplicou nas últimas cinco décadas. A porção de batatas fritas também aumentou, dobrando no mesmo período, e cerca de 57% dos novaiorquinos estão acima do peso ou são obesos, informou o setor de saúde da prefeitura. Desses, 10% afirmaram que tiveram diabetes tipo 2.

Segundo a professora Marion Nestle, do departamento de Saúde Pública da Universidade Nova York, o tamanho das porções conta muito na maneira como as pessoas comem. A prefeitura também intensificou o combate ao problema da obesidade exigindo que as redes de restaurantes indiquem as calorias para cada item do cardápio. A meta é levar as pessoas a refletir sobre o quanto estão comendo.

Fonte: Folha.com

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Fuck the Pope !

Descrição da imagem: manifestação por direitos civis com dois belos jovens empunhando uma faixa com os dizeres: Fuck the Pope... but use a condom (que se foda o Papa ...mas use camisinha, em tradução livre)

Quem diria que nós, povo do arco íris, seríamos um dia considerados uma ameaça à sobrevivência da humanidade. Acho que nem a bicha mais doida do mundo, que mora aqui em São Vicente, conseguiria delirar tamanho poder dado a pessoas que, ao contrário das recentes palavras do Papa Bento 16, estão constantemente sob ameaça de extermínio através de facas, lâmpadas e porretes, de plenários, altares e púlpitos. Nossa felicidade é tão poderosa que trará o infortúnio ao povo de Deus. Já não são mais os comunistas nos anos da ditadura militar que vivem nos armários e comem criancinhas. São os gays e lésbicas que têm como meta o desvirtuamento grave da moral e dos valores éticos das futuras gerações. As travestis e transexuais, então, nem pensar. Devem se recolher à zona do meretrício, que é o lugar delas!

Só mesmo uma louca desvairada como Sua Santidade para anunciar o fim da família e da humanidade caso os casamentos gays continuem a ser legalizados pelos povos e nações. Ele se esquece que as diversas orientações sexuais, afetivas, de gênero e toda a diversidade que compõe a sexualidade humana.estão presentes desde os primórdios da civilização e que em muitos períodos, alguns deles os mais férteis em avanços sociais, culturais, filosóficos e humanos, eram apenas características e não estigmas. As pessoas eram respeitadas ao invés de serem discriminadas.

Ao passo que, se formos elencar os crimes contra a humanidade perpetrados pela Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana, eles são de fazer Hitler corar de vergonha por seu trabalho mal executado. Negros, indígenas, judeus, gays, protestantes, pessoas com HIV e tudo aquilo que afronta a moral e os bons costumes deve ser jogado às câmaras de tortura da inquisição, ao extermínio ou diáspora de seus povos ou ao doloroso e invisível exílio dentro de nossa própria comunidade, parias que somos na sociedade de castas cristãs.

O que nós queremos é o básico do básico: dignidade e respeito. Não estamos lutando por privilégios e brilho, isso já trazemos como nossas características. Muito menos queremos o poder, queremos é poder viver tranqüilos e em paz com todas as demais orientações e sermos felizes junto à pessoa amada. Não consigo imaginar Jean Willys como ditador da República Homossexual do Brasil, onde o sexo heterossexual será permitido apenas para a procriação e sob supervisão do Estado. Como não consigo ver escolas para doutrinação de crianças comandadas por gays, isso é típico das igrejas e dos estados totalitários.

Fico sempre lembrando daquela bicha mais doida do mundo pegando um microfone e anunciando para a burguesia do litoral paulista que o mundo era gay e que a sociedade teria que nos engolir. Primeiro, o mundo não é gay e nem hétero, ele é diverso e é na diversidade que qualquer espécie viva se perpetua. Assim como o casamento gay amplia o leque e dá à tal 'instituição falida' novas características e, por que não, um novo charme. E depois, meu bem, eu não quero ser engolido, prefiro ser comido e com muita dignidade e respeito! Ademais, não são bem os comunistas e gays que andam por aí comendo criancinhas e que volta e meia aparecem entre noticiários e pedidos formais de desculpas.

Até o ateu mais convicto concordaria que se existe um Deus onipotente, onisciente e onipresente, Ele estará mais preocupado com o amor ao próximo e com a solidariedade do que com o julgamento e a condenação de transitoriedades tão íntimas do ser humano.

Fuck the Pope !

Beto Volpe