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Sou muito humorado. Se bem ou mal, depende da situação...

Em 1989 o HIV invadiu meu organismo e decretou minha morte em vida. Desde então, na minha recusa em morrer antes da hora, muito aconteceu. Abuso de drogas e consequentes caminhadas à beira do abismo, perda de muitos amigos e amigas, tratamentos experimentais e o rótulo de paciente terminal aos 35 quilos de idade. Ao mesmo tempo surgiu o Santo Graal, um coquetel de medicamentos que me mantém até hoje em condições de matar um leão e um tigre por dia, de dar suporte a meus pais que se tornaram idosos nesse tempo todo e de tentar contribuir com a luta contra essa epidemia que está sob controle.



Sob controle do vírus, naturalmente.



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Beto Volpe



quinta-feira, 3 de julho de 2014

Quem vai pagar o "prejuízo" da Copa?

Pessoal, compartilho com vocês artigo de Luiz Caversan sobre os prejuízos causados pelo mau humor orquestrado, em minha modesta opinião.
Beto Volpe



"Por causa de todo aquele clima que havia antes, muita gente deixou de se preparar como devia, ficou com medo de investir e ter prejuízo. Pequenos comerciantes, por exemplo, poderiam estar faturando muito se tivessem acreditado que a Copa ia ser assim tão bacana."

Quem me disse isso, talvez não exatamente nestas palavras, foi um amigo querido, cuja família tem um posto de gasolina em São Paulo. Assim como milhares de outros pequenos e médios empresários das grandes cidades brasileiras, ele também ficou constrangido pelo clima do "não vai ter Copa", poderia ter apostado no sucesso do evento, investido mais, criado, por exemplo, eventos, atrativos ou promoções inspirados na Copa para aumentar a clientela.

Mas não fez isso. Não ia ter Copa, lembram?

Algum caro economista aí é capaz de me dizer como faço para calcular o prejuízo que os arautos do pessimismo e do mau humor, 'black blocks' e cia. à frente, causaram ao país?

Por conta de tudo o que não foi feito, tudo o que deixou de ser investido para gerar receita, com tudo o que se poderia ter sido oferecido, vendido para torcedores, turistas, comitivas e quetais, tendo como temática a Copa, e não foi.

Quanto?

Apenas para citar um exemplo: toda esta zona que esta acontecendo na Vila Madalena, em São Paulo, não poderia ter sido evitada se Prefeitura, comerciantes, produtores, artistas, empreendedores em geral desta cidade não tivessem sido contaminados pelo vírus do "não vai ter Copa" e pudessem ter replicado em diversos outros pontos de São Paulo dezenas de "vilas madalenas" com estrutura e opções para que o povo tivesse onde torcer, comemorar, xavecar, encher a cara, que seja, sem criar o transtorno que está ocorrendo num bairro só?

Quantas praças, campos, clubes, ONGs, associações, terreiros, ruas de comes e bebes, casas noturnas, salões de festas, quantas e tantas localidades poderiam ter sido envolvidas em ações para se criarem polos em que a Copa fosse devidamente curtida, aproveitada e explorada comercialmente de uma maneira saudável para todos...

Outro exemplo? O pessoal de turismo, que se amuou e não investiu o que podia na preparação de roteiros, alternativas, pacotes e oportunidades para as centenas de milhares de turistas que estão por aqui não ficassem à toa, pudessem aproveitar melhor o país, seus encantos, suas possibilidades fantásticas, movimentando ainda mais a economia?

Mas não ia ter Copa, e ficou todo mundo meio paralisado, esperando uma tragédia que não houve, um caos que está longe de ocorrer, o vexame inexistente, perdendo um bonde que não vai passar de novo.

Mas fazer o quê? Afinal, como registrou o sempre pertinente jornalista Ricardo Kotscho em seu blog, sofremos um massacre midiático –de dentro e de fora do país– no qual fomos retratados "como um povo de vagabundos, incompetentes, imprestáveis, corruptos, incapazes de organizar um evento deste porte".

Além de pagar o mico de estarmos sendo desmentidos por ninguém menos que nossos próprios visitantes –"Fantastic people", dizem eles repetida e entusiasmadamente–, ainda teremos de conviver com a fantástica oportunidade perdida.

Quem vai pagar esta conta?

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