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Sou muito humorado. Se bem ou mal, depende da situação...

Em 1989 o HIV invadiu meu organismo e decretou minha morte em vida. Desde então, na minha recusa em morrer antes da hora, muito aconteceu. Abuso de drogas e consequentes caminhadas à beira do abismo, perda de muitos amigos e amigas, tratamentos experimentais e o rótulo de paciente terminal aos 35 quilos de idade. Ao mesmo tempo surgiu o Santo Graal, um coquetel de medicamentos que me mantém até hoje em condições de matar um leão e um tigre por dia, de dar suporte a meus pais que se tornaram idosos nesse tempo todo e de tentar contribuir com a luta contra essa epidemia que está sob controle.



Sob controle do vírus, naturalmente.



Aproveite o blog!!!



Beto Volpe



domingo, 18 de agosto de 2013

Triste e assustador



Pessoal, replico aqui um desabafo preocupante da Dra. Márcia Rachid, médica infectologista do Rio de Janeiro e autora do Manual de HIV/AIDS, do qual tenho duas das várias edições. Tivemos um perrengue durante um recente evento no Rio sobre a atenção às pessoas vivendo com HIV, mas não há o que questionar sobre sua qualificação profissional. E se pode dizer o mesmo sobre seu lado humanista, transparecido nesse relato que está nas redes sociais.
Triste e assustador.
Beto Volpe
 
Descrição da imagem: sobre fundo preto uma face em branco e preto com as vistas sobrepostas por uma faixa onde se lê AIDS.


Por quê tomar remédios?

Alguém já parou para pensar que se precisa é porque algo não anda bem e precisa ser reequilibrado? Tenho pacientes que tomam antivirais há mais de 25 anos e NUNCA ficaram doentes com qualquer manifestação clinica. Aí fico me perguntando por que chegamos ao ano de 2013, quase 2014, com pessoas morrendo nas enfermarias ou nas Emergências por terem abandonado os tratamentos e por não terem mais opções terapêuticas pelo grau elevado de resistência que o vírus já atingiu...

Fico triste quando vejo que fatos deste tipo se repetem depois de tantos avanços científicos e num momento em que há estudos mostrando possíveis estratégias para a cura. Para curar, tem que estar vivo!!! E tem que estar bem, com carga indetectável para acabar de retirar o vírus dos reservatórios onde ele se esconde. Poxa, cada vez que fico sabendo que alguém morreu por falta de iniciativa ou falta de conhecim...ento sobre isso, fico arrasada, pensando como podemos mudar novamente essa história.

 Temos que incentivar mais a prevenção, porém como já são muitos contaminados, especialmente jovens, temos que ajudar!! É importante ter coragem de enfrentar o medo e fazer o teste para começar a tratar precocemente e corretamente, o que significa tomar os remédios diariamente com amor e carinho, agradecendo que existem! Já vi muitos pacientes graves suplicando por remédios numa época em que nenhum existia!

Também odeio esse preconceito idiota e burro!!! As pessoas transam muito sem camisinha como se não existissem HIV, sífilis, gonorreia, hepatite C, hepatite B e outras DST... mas se uma pessoa ética e sincera diz que tem o vírus, que se trata, que tem carga indetectável (o que reduz até 96% o risco de transmissão) e propõe o uso da camisinha, o outro sai correndo!!!!! Que mundo é esse???

Marcia Rachid
Médica Infectologista
Assessora de DST/AIDS da Secretaria do Estado do Rio de Janeiro

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