Pessoal, reproduzi aqui artigo de Mário Magalhães publicado hoje no UOL que provoca uma série de reflexões...
Beto Volpe
Um monte de médicos mais brancos do que os seus jalecos se escabela ao gritar “escravos!” para colegas negros e mestiços que chegam ao Brasil. A informação é objetiva, e o perfil racial predominante de um grupo não é necessariamente a razão da atitude do outro.
No Facebook, alguém comenta que os estrangeiros, boa parte proveniente de Cuba, não têm cara de médico. Não deu para entender? Pois uma jornalista, representante dos miolos de tantos dos nossos pares, desnuda-se na internet: “Me perdoem se for preconceito, mas essas médicas cubanas têm uma cara de empregada doméstica. Será que são médicas mesmo?” A afirmação nojenta não lembra nenhum crime? O Ministério Público do Rio Grande do Norte não agirá?
Um cubano se espanta com o fato de que vem atender pacientes nos rincões miseráveis onde os manifestantes se recusam a trabalhar, e mesmo assim é alvo de ira. De fato, é para se espantar. As entidades corporativas e a minoria de médicos que elas têm arrastado para seus atos públicos não se interessaram em atender os pobres nos fins de mundo onde eles padecem. Alegam preocupação com a saúde dos pobres coitados nas mãos de médicos despreparados… Lideram a gincana de farisaísmo.
Dizem-se contra “trabalho escravo”, mas a maioria nunca disse um ai contra o trabalho escravo real, desgraça que perdura no Brasil. Nem nunca saiu às ruas para protestar contra governos que abandonam a saúde. Na prática, se forem vitoriosos, impedirão os mais pobres de ter acesso a médico. São covardes, egoístas e impiedosos.
Até onde eu entendo, o Programa Mais Médicos está longe da perfeição. Acho um absurdo os cubanos, assalariados, não receberem diretamente o seu salário. Mais: a lei ampara eventuais pedidos de asilo de médicos cubanos ou de qualquer outra nacionalidade, por mais que burocratas intolerantes possam espernear. Mas, se os médicos brasileiros não querem ir aonde o povo está, bem-vindos sejam os estrangeiros.
Justo Verissimo era aquele personagem do Chico Anysio que cometia o bordão “odeio pobre”. Eis um digno patrono dos médicos que querem impedir a medicina de amparar os mais pobres.
Sendo Potiguar fico muito triste do fato de uma possível conterrânea (sim pois a nossa terra tem recebido nas últimas décadas muitos estrangeiros) ter postado frase tão infeliz e preconceituosa.
ResponderExcluirReprovo qualquer um que procure na defesa de seus ideais denegrir a imagem ou conceito de outro.
Porém continuo contra a vinda de médicos que falam outros idiomas para suprir a falta de médicos no "interior" do país. Muitos são os problemas que serão causados. Diagnósticos, prescrições e tratamentos errados, estão entre eles. Além do que entendo que o governo com esta manobra esta evitando discutir a verdade dos fatos - Temos médicos sim, porém os salários oferecidos para os que se submetem a concursos são aviltantes. Pois ao Estado é mais pratico e lucrativo lançar mão de soluções paleativas e algumas até imorais - ao celebrar um contrato terceirizado com um organismo que repassará sabe-se lá quanto e se repassará ao profissional que aqui está trabalhando. Afinal isto é ou não é TRABALHO ESCRAVO, promovido por um governo ditatorial? Gostaria de escrever mais, porém este não seria o espaço, por isso deixo apenas esta reflexão caro amigo Beto Volpe.
Do seu sempre amigo.
Esdras Gurgel.