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Sou muito humorado. Se bem ou mal, depende da situação...

Em 1989 o HIV invadiu meu organismo e decretou minha morte em vida. Desde então, na minha recusa em morrer antes da hora, muito aconteceu. Abuso de drogas e consequentes caminhadas à beira do abismo, perda de muitos amigos e amigas, tratamentos experimentais e o rótulo de paciente terminal aos 35 quilos de idade. Ao mesmo tempo surgiu o Santo Graal, um coquetel de medicamentos que me mantém até hoje em condições de matar um leão e um tigre por dia, de dar suporte a meus pais que se tornaram idosos nesse tempo todo e de tentar contribuir com a luta contra essa epidemia que está sob controle.



Sob controle do vírus, naturalmente.



Aproveite o blog!!!



Beto Volpe



quinta-feira, 26 de julho de 2012

Zero HIV


E dá-lhe cacete...
BV



Descrição da imagem: laço preto em luto pela luta contra a AIDS.


A resposta coletiva contra o HIV, há três décadas, pode ser resumida em uma palavra: vergonhosa. Na pior das hipóteses, as pessoas que vivem com HIV foram, inexplicavelmente, presas às suas camas, detidas, afastadas em instalações médicas, criminalizadas e deportadas. Na melhor das hipóteses, perderam seus empregos, foram expulsas das escolas e tiveram negado o acesso a serviços básicos. Respondemos a um vírus humilhando, estigmatizando e punindo as pessoas infectadas. Nossa resposta ao vírus foi tão dolorosa, e às vezes tão mortal, quanto o próprio vírus.

Felizmente, avanços impressionantes foram feitos. Nos últimos anos, avanços científicos ocorreram e o número de novas infecções, particularmente entre as crianças, declinou. Menos pessoas estão morrendo. Cerca de metade das pessoas que podem receber tratamento, mesmo nos países de baixa e média renda, está recebendoAntirretrovirais. O HIV não é mais a sentença de morte.
E, no entanto, o estigma e a discriminação enfrentados por pessoas HIV+ permanecem altos, em todo o mundo. Ainda hoje se privilegiam estratégias punitivas para o HIV, como a criminalização da transmissão do HIV, sua não divulgação e exposição. Restrições à entrada e a deportação de HIV+ não nacionais nas fronteiras são ainda muito comuns, especialmente nos países mais ricos.
A face do HIV tem sido sempre a face da nossa incapacidade de proteger os direitos humanos. Um dos principais motores da Aids sempre foi, e continua sendo, esta falha para assegurar a proteção dos direitos humanos de comunidades marginalizadas, incluindo prisioneiros, trabalhadores do sexo, usuários de drogas, pessoas com deficiência e imigrantes, refugiados e requerentes de asilo. A homofobia, a discriminação de gênero, a discriminação racial e a violência contra as mulheres têm nos impedido esforços maiores para gerir eficazmente e conter a propagação do HIV.
O tema da Conferência Internacional da Aids deste ano, que se realiza em Washington, é Juntos Mudando o Rumo. Realmente, chegou o momento de mudarmos o rumo. As violações de direitos humanos da propagação do HIV - e, em muitos casos, também da luta contra o HIV - devem ser combatidas.
É hora de se construir sobre os ganhos para criar uma resposta global a uma epidemia que nos desafia. E a perspectiva de direitos humanos é essencial. O ponto de partida é o reconhecimento de todas as pessoas como iguais no gozo de seus direitos. Leis gerais e políticas em muitos países que criminalizam a transmissão não intencional do HIV, a exposição e não divulgação têm como alvo específico grupos que devem fazer testes deHIV obrigatórios, e restringem as viagens de indivíduos com base no HIV - tais políticas são alarmistas e equivocadas.
Avanços na direção certa foram feitos, um dos quais - a eliminação das restrições de viagem - permitiu aos EUA acolherem esta conferência sobre Aids, após 22 anos. Mesmo em Estados onde as leis protegem os direitos humanos de pessoas HIV+, não é claro em que medida elas são respeitadas.
Mais recursos precisam ser canalizados para garantir o acesso ao tratamento antirretroviral para salvar vidas, mas também para programas de direitos humanos, formação de profissionais de saúde e policiais, acesso à Justiça para indivíduos HIV+, combate ao estigma e educação de jovens sobre sexo seguro. O financiamento da luta contra a Aids de uma forma holística não só é necessário, é uma obrigação legal.
Este não é um momento para complacência. O Unaids tem como seu objetivo: zero novas infecções, zero mortes relacionadas à Aids e discriminação zero. Nesta conferência sobre Aids é essencial que os direitos humanos norteiem e motivem nossa resposta.

NAVI PILLAY é alta comissária da ONU para os Direitos Humanos.
O GLOBO - RJ | OPINIÃO
Editoria: OPINIÃO - Data: 26/07/2012 - Cadastro: 26/07/2012 04:50
http://www.linearclipping.com.br/dst/site/m007/noticia.asp?cd_noticia=3644893

2 comentários:

  1. Duro mesmo foi abrir minha caixa de e-mails esses dias e ler um do FONAIDS onde mostra claramente que não sei quem do governo está voltando a focar em grupos de risco para a prevenção do HIV. Em pleno ano de 2012 - supostamente quase no fim do mundo - ler coisas assim, expondo grupos de riscos, é realmente O FIM.

    Estamos próximos da cura da AIDS... Será? Eu torço para que sim. Só não vou gostar se, com isso, com essa cura, minimizarem a gravidade da doença e aí novamente a população for "ensinada" a ver os soropositivos como promíscuos, vagabundos, malfeitores etc. EStá certo que eu sou tudo isso e um filho da mãe também, mas nem todos são iguais a mim. Tem muita gente boa e "decente" no planeta, ainda (eu acho). rs...

    Na verdade, a cura da AIDS sairá ainda este ano. Um grande meteoro irá cair na Terra em 12-12-2012 e acabará com tudo. kkkk...

    Mas esse apocalipse estiver adiado, ocorrerá encontro da RNP+ aqui de Ribeirão Preto nesse dia. kkk...

    Abraços. Fabiano Caldeira.

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