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Sou muito humorado. Se bem ou mal, depende da situação...

Em 1989 o HIV invadiu meu organismo e decretou minha morte em vida. Desde então, na minha recusa em morrer antes da hora, muito aconteceu. Abuso de drogas e consequentes caminhadas à beira do abismo, perda de muitos amigos e amigas, tratamentos experimentais e o rótulo de paciente terminal aos 35 quilos de idade. Ao mesmo tempo surgiu o Santo Graal, um coquetel de medicamentos que me mantém até hoje em condições de matar um leão e um tigre por dia, de dar suporte a meus pais que se tornaram idosos nesse tempo todo e de tentar contribuir com a luta contra essa epidemia que está sob controle.



Sob controle do vírus, naturalmente.



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Beto Volpe



sábado, 19 de novembro de 2011

De quem é a deficiência, afinal?

Descrição da imagem: três medalhas olímpicas sobre pano vermelho

O Brasil acaba de se consagrar campeão antecipado dos Jogos Para Pan Americanos de Guadalajara, com direito a recorde de medalhas e tudo. Atletas dos mais diversos cantos do país, com as mais diversas deficiências e com o mesmo perfil vencedor, pessoas que transformaram um desafio aparentemente intransponível em uma história de superação que tem a cor do bronze, da prata e do ouro.

Você sabia disso? Talvez não, neste momento, são 23 horas de sábado, não há menção ao fato tanto na primeira página quanto na seção de esportes do maior site de informações do Brasil. Notícias fugidias de tão breves são dadas em alguns telejornais, enquanto a emissora detentora dos direitos nem a um boletim diário abre espaço em sua programação abençoada pelo deus de Edir.

Não é a primeira vez que isso acontece, claro. Mas depois de tanto avançar, de termos tido uma protagonista com deficiência em horário nobre, espera-se alguma evolução na forma de pensar dos empresários de comunicação e seus patrocinadores.  Ano passado, na estréia do BBB, Pedro Bial saudava os participantes como 'heróis que terão que superar um árduo caminho até a vitória”' No mesmo dia, sem destaque algum da mídia, o Brasil ficava em terceiro lugar no Campeonato Mundial de Para Atletismo na Nova Zelândia, atrás apenas de China e Rússia.

Aí cabe uma reflexão: de quem é a deficiência, afinal? De pessoas que superaram uma suposta limitação física, intelectual ou sensorial ao ponto de representar seu país com o brilho de muitos metais? De pessoas que além disso tiveram que lutar contra a falta de apoio e patrocínio, contra o descrédito que vinha até das pessoas mais queridas? Ou de um país que continua a renegar seus verdadeiros pilares morais e se entrega à vulgaridade do consumo rápido e fácil? Um país onde muita gente sente vergonha de ser honesta e outro tanto não sente vergonha nenhuma em não sê-la. Um país onde a mídia e as corporações deitam e rolam nos lucros e demonstram um grande exemplo de deficiência ética e patriótica ao tornar invisível participação brasileira tão brilhante e que encheria de orgulho qualquer nação socialmente desenvolvida.

De quem é a deficiência, afinal?

Parabéns, para atletas panamericanos!
Parabéns, para atletas de todo o país e de todo o mundo!!

Beto Volpe

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