Não sei se foi o excesso de drogas pesadas durante um bom tempo ou o ostracismo despertou o babaca que ali jazia, inerte. Acho que foi a soma das duas coisas. Enfim, segue brilhante texto de Paulo Nogueira, publicado no site Diário do Centro do Mundo.
Beto Volpe
Fidelix rules!!
Assim reagiu
no Twitter Lobão à diarreia homofóbica de Levy Fidelix no debate da Record.
Numa tradução
livre, Fidelix brilhou.
Você pensa que
Lobão não pode ser mais obtuso, mas ele sempre surpreende e encontra novos
limites para a estupidez e o reacionarismo.
Lobão é uma
amostra expressiva de como a direita respondeu a Fidelix. Com embevecimento
diante de alguém que disse verdades à “ditadura gayzista”, um herói que ousou
desafiar o pensamento “politicamente correto”.
Levy Fidelix,
o candidato que era uma piada até virar uma infâmia, é, hoje, um ídolo da
direita brasileira. Isso mostra o panorama desolador do conservadorismo nacional.
Roger Moreira,
também no Twitter, admirou a coragem de Fidelix. Quer dizer: Fidelix não foi
vulgar, não foi obsceno, não foi idiota. Foi, para Roger, um exemplo de
bravura.
Outro
reacionário notório, Reinaldo Azevedo, torturou o jornalismo e a língua portuguesa
ao falar sobre o caso. Ele se referiu a uma “suposta” homofobia.
Portanto, no
Planeta Azevedo, podemos discutir se as palavras de Fidelix foram – ou não –
homofóbicas. Há sempre a possibilidade, segundo esta ótica peculiar, de que
Fidelix tenha elogiado os homossexuais ao dizer que eles têm que se tratar, mas
longe de nós.
O cuidado
extremo com que Azevedo se referiu a Fidelix só vale, naturalmente, para a
direita.
Dias antes,
eles escrevera, a propósito do caso Petrobras, que o delator REVELARA – ele
usou maiúsculas – coisas terríveis contra Dilma.
O delator não
afirmou, não disse. Ele REVELOU. No Planeta Azevedo, acusações contra
adversários de seus patrões não são acusações. São REVELAÇÕES. Você pula a
etapa da investigação, da defesa, da exibição de provas, se as houver, e da
decisão da justiça.
Importante:
isto para os inimigos.
Dias atrás, o
jornalista Ricardo Kotscho escreveu que a origem da raiva de Roberto Civita
contra Lula reside na diminuição da publicidade do governo federal para a Abril.
Está errado
dizer, segundo o jornalismo decente, que Kotscho REVELOU. O certo é registrar
que Kotscho “afirmou”.
Mas, sejam
quais sejam as origens do ódio da Veja a Lula, o fato é que o jornalismo
decente deixou de valer faz muito tempo para a revista, substituído por uma
patética panfletagem sem nenhuma credibilidade senão para um público limitado
de analfabetos políticos.
No caso de
Fidelix, outro argumento da direita em favor do seu bestialógico recorre à
liberdade de expressão, como se você pudesse dizer qualquer coisa e invocá-la.
Em maiúsculas,
como Azevedo, Malafaia congratulou Fidelix no Twitter. “PARABÉNS, LEVY FIDELIX,
POR VOCÊ FALAR O QUE PENSA. ESTAMOS EM UMA SOCIEDADE LIVRE. O ATIVISMO GAY QUER
IMPLANTAR A DITADURA DA OPINIÃO! VALEU!”
Bom, pelo
menos parece que Mafalaia saiu da fase da “ditadura bolivariana” para admitir
que vivemos numa “sociedade livre”.
Há regras para
a liberdade de expressão, como para tudo. Nos dias de hoje, por exemplo, caso
alguém em solo americano se manifeste publicamente a favor dos Estados
Islâmicos irá, rapidamente, para a cadeia.
Um juiz
americano colocou isso de forma didática. Imagine um teatro lotado. Se alguém
gritar “fogo”, pode gerar um pânico que leve a mortes. É inútil invocar depois,
na justiça, a liberdade de expressão para poder gritar “fogo”.
Por mais que
os conservadores queiram, Levy Fidelix não foi destemido, não foi iconoclasta,
não foi brilhante.
Foi apenas sem
noção, ou, para quem gosta de definições mais diretas, um perfeito idiota.
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