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Sou muito humorado. Se bem ou mal, depende da situação...

Em 1989 o HIV invadiu meu organismo e decretou minha morte em vida. Desde então, na minha recusa em morrer antes da hora, muito aconteceu. Abuso de drogas e consequentes caminhadas à beira do abismo, perda de muitos amigos e amigas, tratamentos experimentais e o rótulo de paciente terminal aos 35 quilos de idade. Ao mesmo tempo surgiu o Santo Graal, um coquetel de medicamentos que me mantém até hoje em condições de matar um leão e um tigre por dia, de dar suporte a meus pais que se tornaram idosos nesse tempo todo e de tentar contribuir com a luta contra essa epidemia que está sob controle.



Sob controle do vírus, naturalmente.



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Beto Volpe



sábado, 21 de setembro de 2013

Ativismos, militâncias e “ eu com isto” - Grandes massas e vida cotidiana

Concordo com as sábias palavras de meu querido Liandro Lindner: na base da superficialidade não se chega a lugar algum. 


Beto Volpe

Descrição da imagem: foto noturna de manifestação popular com destaque para um cartaz que diz: 'Desculpem o transtorno. Estamos mudando o Brasil.'


Embora reconheça que grandes atos de militância causem impacto maior, ganhem repercussão midiática e chamem a atenção no momento, tenho cada vez mais me convencido de que são pequenas atitudes, feitos de forma individual ou em pequenos grupos, que no cotidiano garantem a continuidade por mudanças e criação de novas realidades. 


As diversas formas de mobilização massiva podem encontrar apoio e reverberação pelo grande número de pessoas que mobilizam, os as formas criativas de chamar a atenção ou ainda pela quantidade de apoio e opiniões favoráveis que recebem. Mas passado a emoção grandiosa do momento, o retorno ao dia a dia deixa- muitas vezes- a causa defendida parada num canto esperando a próxima oportunidade sazonal de ser exposta nas ruas e nos lugares públicos. Neste intervalo a injustiça e a ignorância continuam se reproduzindo e é ai nestes ambientes comuns que o exercício cidadão de ativismo faz realmente a diferença.


Vivemos um tempo de reflexão sobre nossos atos de mobilização social. O advento e crescimento do mundo virtual parece ser a fonte maior de aglutinação de idéias e atitutes, mas o excesso, a comodidade e a superficialidade do modismo acabam descaracterizando a causa inicial defendida. Acredito que a virtualidade deva ser complemento e provocador do real, nunca substituto. 

Na individualidade do ambiente de trabalho ou escolar, no seio familiar, no grupo de amigos e junto às pessoas de convivência diária que o ativista leva novos olhares e novas perguntas, num mundo soterrado por idéias prontas dos meios de comunicação e pelo senso comum. São pequenos gestos que não ganham manchetes nos tele jornais noturnos, mas que lançam questionamentos e estes que realmente podem fazer a diferença.

Liandro Lindner é jornalista free lancer e Doutorando da Faculdade de Saúde Pública da USP

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