Há exatos 50 anos o homem finalmente rompia a barreira que o separava da Lua e das estrelas: Yuri Gagarin fazia o primeiro vôo orbital sobre a Terra ganhando, além de um grande trunfo para a União Soviética na corrida espacial, um admirador com apenas cinco meses de vida intra uterina., onde não existia o azul por ele visto. Oito anos mais tarde Neil Armstrong dava o primeiro passo da humanidade em solo lunar, pendendo a corrida para os americanos e conquistando uma entre milhões de crianças que, absolutamente deslumbradas, tinham sua vocação determinada: ser astronauta. Era verdadeiramente encantador ver o mundo como uma esfera solta no Universo, condenando a raça humana ao convívio entre diferenças, à sobrevivência sem subterfúgios e ao amor sem conveniências.
Claro, não pensei nisso tudo àquela época, mas a sensação de que somos membros de uma só civilização virou certeza, assim como o Fiat Lux passou a ser Big Bang e Adão & Eva uma inspiração para meus futuros pecados. Julio Verne reforçou essa crença de que somos todos iguais perante a Deus e ao DNA e os Secos & Molhados deram o start para a loucura, enchendo minha cabeça de vermes da Lua Cheia. Devorava os livros de astronomia, mas me preocupava minha pouca afinidade com matemática e física. Mas ainda alimentava o sonho de ser astronauta e, apesar de já ser bulinado há tempos (nos diversos sentidos possíveis, incluindo bulling), ver a Terra com espaço para todo o mundo.
Daí em diante a Vida encarregou-se de destruir meus sonhos de astronauta. Meus temores educacionais se concretizaram e tomei o rumo da comunicação, essa sim uma afinidade que carrego no tal DNA. Com muita tristeza vi que meus pés jamais sairiam da Terra e foi aí que decidi que jamais tiraria minha cabeça da Lua, conhecendo Janis, Rita e Raul. E o mundo gritou que não era um só batendo, literalmente, à minha cara com a afirmação de minha sexualidade. Naquela época não se batia com lâmpadas, mas ficou bem claro para mim que o mundo não era universal e que eu fazia parte da banda que não era aceita.
Das duas tristezas a maior, sem dúvida, foi a de não pertencer ao mundo. Eu sabia que, mesmo estando tão distante da Lua e das estrelas, eu continuava pertencendo ao Universo e às suas Leis Naturais. Ao passo que, em um mundo norteado pela conveniência e pelos subterfúgios, a convivência social torna-se bem complicada. Ainda bem que eu decidi continuar com a cabeça no mundo da Lua, mas com os pés bem fincados no chão. Almejar um mundo melhor sem perder a consciência de que vivemos em um ambiente degradado sob todos os aspectos. Sim, a maioria é boa mas é silenciosa e entregue à inércia. Assim como Gagarim quando orbitou a atmosfera terrestre em sua Vostok.
A diferença é que ele tinha as melhores expectativas para seu planeta, ao passo que as nossas parecem cada vez mais próximas de um buraco negro.
Beto Volpe
Olá, mais novo parceiro de tranca! Muito legal seu blog, estou ainda no começo da leitura mas já me identifiquei com muitas coisas ditas. Também já perdi amigos por hiv e sei como é difícil essa realidade. Mas eu acredito que a morte não é o fim da linha, e que tudo faz parte de um aprendizado maior. Um abraço, fique bem!
ResponderExcluirLegal, Guto, seja bem vindo! É uma luta, cara, mas dá pra ganhar. É como no jogo de ontem, hahaha... Concordo contigo, tempo e distância não existem e o aprendizado é o que conta. Abração, fique bem vc tb.
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