O lamentável fato ocorrido com a amiga Flávia Cintra e sua família dia 20 de fevereiro no Teatro Ressurreição em São Paulo, de tão lamentável só poderia desaguar em um momento ímpar, daqueles momentos que acontecem para transformar o futuro. Para quem não está a par, ela foi impedida de assistir à peça Cinderela com seus filhos gêmeos Mateus e Mariana de três anos, sua mãe, uma prima das crianças e a babá. Porque não havia a acessibilidade prometida no site do teatro. O que fez esse momento tão especial foi o questionamento de Mateus com relação à situação:
- “É proibido entrar pessoas de cadeira de rodas neste teatro?”
E a magia foi sacramentada pela sabedoria da voz materna, que disfarçava bem sua angústia::
- “Não, Mateus. É proibido ter degraus no teatro.”
Ao retornarem para casa e reencontrar sua ansiosa mãe, os gêmeos não se continham ao contar os detalhes da peça até que Mateus, decretando o nascimento de um verdadeiro e genuíno líder, disparou:
- “Ah, mamãe, tem outra coisa! Eu pedi para a fada da Cinderela te ajudar a fazer desaparecer os degraus. Ela disse que vai ajudar”
Verdadeiro porque há poucos dias havia compreendido o significado da palavra ‘proibido’ e já demonstrava ter aprendido direitinho o que mamãe ensinara e, além disso, havia passado por uma situação onde ele sentiu o que significa ‘exclusão’. E genuíno porque não se conteve diante da adversidade e, ao contrário de todas as crianças que foram falar com o Príncipe Encantado ao final da peça, ele se dirigiu à Fada Madrinha, provedora do Reino Encantado, e educadamente pediu que ela removesse os degraus, eliminando as barreiras que o separaram de sua mãe.
Não tardará e ele saberá o que é ONU e também interpretar e lutar pela regulamentação do Decreto 5296, também tão ansiado por sua mãe e por tantas outras pessoas que, em seus sonhos secretos, pedem às suas fadas madrinhas um mundo acessível e justo, sonho que não consegue emplacar na realidade do Congresso Nacional.
Lembrei do filme ‘O Exterminador do Futuro 2’, onde dois robôs vindos de um futuro marcado pela exclusão duelam para decidir a vida daquele que iniciaria um movimento de libertação dos humanos do jugo dos robôs. Não estranharia se Schwarzenegger tivesse surgido ali, naquele domingo de 2011 na casa de Flavinha, dizendo:
- ‘Eu vim do futuro para salvar a vida de seu filho, uma pessoa que em determinado momento da história fará a diferença para a raça humana.’
E Flavinha, visionária que é, diria:
- “ Que bom que você chegou. Aceita um delicioso café de dona Carmen? Sente-se ali com Mateus e Mariana.”
- “É proibido entrar pessoas de cadeira de rodas neste teatro?”
E a magia foi sacramentada pela sabedoria da voz materna, que disfarçava bem sua angústia::
- “Não, Mateus. É proibido ter degraus no teatro.”
Ao retornarem para casa e reencontrar sua ansiosa mãe, os gêmeos não se continham ao contar os detalhes da peça até que Mateus, decretando o nascimento de um verdadeiro e genuíno líder, disparou:
- “Ah, mamãe, tem outra coisa! Eu pedi para a fada da Cinderela te ajudar a fazer desaparecer os degraus. Ela disse que vai ajudar”
Verdadeiro porque há poucos dias havia compreendido o significado da palavra ‘proibido’ e já demonstrava ter aprendido direitinho o que mamãe ensinara e, além disso, havia passado por uma situação onde ele sentiu o que significa ‘exclusão’. E genuíno porque não se conteve diante da adversidade e, ao contrário de todas as crianças que foram falar com o Príncipe Encantado ao final da peça, ele se dirigiu à Fada Madrinha, provedora do Reino Encantado, e educadamente pediu que ela removesse os degraus, eliminando as barreiras que o separaram de sua mãe.
Não tardará e ele saberá o que é ONU e também interpretar e lutar pela regulamentação do Decreto 5296, também tão ansiado por sua mãe e por tantas outras pessoas que, em seus sonhos secretos, pedem às suas fadas madrinhas um mundo acessível e justo, sonho que não consegue emplacar na realidade do Congresso Nacional.
Lembrei do filme ‘O Exterminador do Futuro 2’, onde dois robôs vindos de um futuro marcado pela exclusão duelam para decidir a vida daquele que iniciaria um movimento de libertação dos humanos do jugo dos robôs. Não estranharia se Schwarzenegger tivesse surgido ali, naquele domingo de 2011 na casa de Flavinha, dizendo:
- ‘Eu vim do futuro para salvar a vida de seu filho, uma pessoa que em determinado momento da história fará a diferença para a raça humana.’
E Flavinha, visionária que é, diria:
- “ Que bom que você chegou. Aceita um delicioso café de dona Carmen? Sente-se ali com Mateus e Mariana.”
Beto Volpe
Às pessoas que acreditam e lutam por finais felizes.
(descrição da imagem: o jovem revolucionário está em pé antecedido por seu valente e fortão protetor que viria a se tornar republicano e governador da Califórnia)
Beto, a história repaginada por você ganhou o humor necessário para diminuir o sofrimento que a Flávia passou! Já sei que a diretoria do teatro está mobilizada para realizar uma rampa. Só vamos torcer para que a rampa tenha todas as especificações necessárias. E que toda a acessibilidade que será implantada nesse teatro, esteja enquadrada na convenção da ONU. Prazer conhecer seu Blog.
ResponderExcluirBeto,
ResponderExcluirComo sempre, sua criatividade está a mil e o post é o capítulo 2 (ou 20?, já que se refere ao futuro) do texto de Flavia, forte e delicado.
Esse diálogo é quase uma parábola e mostra o quanto a Convenção - que sucede o Decreto 5296 e potencializa o estoque de varinhas de condão e outros artefatos mágiocos - é intuitiva, conceito que o pessoal da área da Informática utiliza generosa e abundantemente e é o sonho de todo nerd.
O comentário de Gisleine, profissional reconhecida no campo da Tecnologia Assistiva, é super pertinente!
Adorei o Exterminador de Degraus!
Parabéns pelo cuidado de descrever a imagem, sempre de forma criativa e atraente.
Que a Ins-piração continue a te visitar!
Carinho
Marta Gil