Beto Volpe
Má notícia para as pessoas engajadas na luta anti-AIDS. Uma cepa nova do HIV pode fazer a pessoa desenvolver a AIDS em apenas dois anos - tempo em que muita gente sequer se descobre soropositiva para o vírus. Essa agressiva e recém-descoberta cepa do vírus da AIDS está se espalhando rapidamente por Cuba, segundo pesquisadores da Universidade de Leuven, na Bélgica.
Eu conversei Fernando Ferry, infectologista e diretor do Hospital Universitário Gafrée & Guinle, referência em AIDS no Brasil, sobre essa notícia e ele me disse que os subtipos do HIV podem, sim, mesclar-se entre si, formando subtipos novos. "No caso em questão estes são subtipos africanos, mais agressivos e os medicamentos antirretrovirais possivelmente não serão tão eficazes, pois foram desenvolvidos para subtipos americanos e europeus!", acrescentou.
Além disso, existe a possibilidade de pessoas que fazem uso irregular da medicação desenvolverem resistência aos remédios e este vírus resistente ser passado para outras pessoas - e se infectar por um vírus resistente aos medicamentos disponíveis significa não poder se tratar. O HIV é vírus mutante. Por isso, mesmo duas pessoas que possuem o HIV devem usar preservativos nas relações sexuais.
Essa pesquisa realizada pela universidade belga e cujo resultado foi divulgado ontem (veja aqui: http://instinctmagazine.com/…/aggressive-new-hiv-strain-pro… ) em breve poderá ser feita também pelo Hospital Universitário Gafrée & Guinle com o sequenciador de DNA e RNA que o hospital adquiriu graças aos recursos - dois milhões de reais - que eu lhe destinei mediante emenda ao orçamento. "Em março devemos começar o trabalho", informou-me Ferry. "Assim saberemos com detalhes os subtipos de vírus circulantes aqui no Brasil", garantiu.
Diante dessa triste notícia e sabendo que, aqui no Brasil, a pobreza, a dificuldade de acesso à educação formal de qualidade e a serviços de saúde, a homofobia e a transfobia, o racismo e a misoginia - sozinhos ou articulados entre si - tornam certos indivíduos e coletivos mais vulneráveis ao HIV, diante disso, eu fico muito feliz com o resultado do trabalho de nosso mandato no sentido de deter a propagação do HIV; assegurar tratamento às pessoas convivendo com o vírus ou doentes de AIDS e criar uma cultura de respeito às pessoas soropositivas para o HIV.
Além das emendas ao Gafrée & Guinle e para o programa de enfrentamento às DSTs/AIDS do Ministério da Saúde, realizamos nesse Carnaval que se encerrou ontem, em parceira com o Fora do Eixo e com colaboradores de nosso mandato, uma campanha de prevenção ao HIV voltada para a internet que foi um sucesso! Mais de 500 mil pessoas visualizam os vídeos que, numa mensagem objetiva, corajosa, sem concessões ao falso-moralismo e sem invisibilizar os indivíduos e coletivos mais vulneráveis, interpelaram as pessoas a se previnir do vírus, não das pessoas. Mais de 500 mil pessoas tiveram contato com a mensagem de prevenção e puderam discutir em suas redes sociais digitais e analógicas, a partir dos vídeos e quadrinhos da campanha, as questões referentes à AIDS e HIV. E essa campanha foi elaborada a custo zero para os cofres públicos!
As vidas humanas é que importam. O trabalho que fazemos é o que importa.
Jean Wyllys
Deputado Federal
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