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Sou muito humorado. Se bem ou mal, depende da situação...

Em 1989 o HIV invadiu meu organismo e decretou minha morte em vida. Desde então, na minha recusa em morrer antes da hora, muito aconteceu. Abuso de drogas e consequentes caminhadas à beira do abismo, perda de muitos amigos e amigas, tratamentos experimentais e o rótulo de paciente terminal aos 35 quilos de idade. Ao mesmo tempo surgiu o Santo Graal, um coquetel de medicamentos que me mantém até hoje em condições de matar um leão e um tigre por dia, de dar suporte a meus pais que se tornaram idosos nesse tempo todo e de tentar contribuir com a luta contra essa epidemia que está sob controle.



Sob controle do vírus, naturalmente.



Aproveite o blog!!!



Beto Volpe



quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Nova cepa do HIV desenvolve Aids em menos de três anos

Compartilho com vocês algumas reflexões de Jean Wyllys sobre uma descoberta bastante preocupante. Triste é saber que só agora irão fazer um estudo para verificar quais as cepas circulantes em terras tupiniquins.
Beto Volpe



Má notícia para as pessoas engajadas na luta anti-AIDS. Uma cepa nova do HIV pode fazer a pessoa desenvolver a AIDS em apenas dois anos - tempo em que muita gente sequer se descobre soropositiva para o vírus. Essa agressiva e recém-descoberta cepa do vírus da AIDS está se espalhando rapidamente por Cuba, segundo pesquisadores da Universidade de Leuven, na Bélgica.

Eu conversei Fernando Ferry, infectologista e diretor do Hospital Universitário Gafrée & Guinle, referência em AIDS no Brasil, sobre essa notícia e ele me disse que os subtipos do HIV podem, sim, mesclar-se entre si, formando subtipos novos. "No caso em questão estes são subtipos africanos, mais agressivos e os medicamentos antirretrovirais possivelmente não serão tão eficazes, pois foram desenvolvidos para subtipos americanos e europeus!", acrescentou.

Além disso, existe a possibilidade de pessoas que fazem uso irregular da medicação desenvolverem resistência aos remédios e este vírus resistente ser passado para outras pessoas - e se infectar por um vírus resistente aos medicamentos disponíveis significa não poder se tratar. O HIV é vírus mutante. Por isso, mesmo duas pessoas que possuem o HIV devem usar preservativos nas relações sexuais.

Essa pesquisa realizada pela universidade belga e cujo resultado foi divulgado ontem (veja aqui: http://instinctmagazine.com/…/aggressive-new-hiv-strain-pro… ) em breve poderá ser feita também pelo Hospital Universitário Gafrée & Guinle com o sequenciador de DNA e RNA que o hospital adquiriu graças aos recursos - dois milhões de reais - que eu lhe destinei mediante emenda ao orçamento. "Em março devemos começar o trabalho", informou-me Ferry. "Assim saberemos com detalhes os subtipos de vírus circulantes aqui no Brasil", garantiu.

Diante dessa triste notícia e sabendo que, aqui no Brasil, a pobreza, a dificuldade de acesso à educação formal de qualidade e a serviços de saúde, a homofobia e a transfobia, o racismo e a misoginia - sozinhos ou articulados entre si - tornam certos indivíduos e coletivos mais vulneráveis ao HIV, diante disso, eu fico muito feliz com o resultado do trabalho de nosso mandato no sentido de deter a propagação do HIV; assegurar tratamento às pessoas convivendo com o vírus ou doentes de AIDS e criar uma cultura de respeito às pessoas soropositivas para o HIV.

Além das emendas ao Gafrée & Guinle e para o programa de enfrentamento às DSTs/AIDS do Ministério da Saúde, realizamos nesse Carnaval que se encerrou ontem, em parceira com o Fora do Eixo e com colaboradores de nosso mandato, uma campanha de prevenção ao HIV voltada para a internet que foi um sucesso! Mais de 500 mil pessoas visualizam os vídeos que, numa mensagem objetiva, corajosa, sem concessões ao falso-moralismo e sem invisibilizar os indivíduos e coletivos mais vulneráveis, interpelaram as pessoas a se previnir do vírus, não das pessoas. Mais de 500 mil pessoas tiveram contato com a mensagem de prevenção e puderam discutir em suas redes sociais digitais e analógicas, a partir dos vídeos e quadrinhos da campanha, as questões referentes à AIDS e HIV. E essa campanha foi elaborada a custo zero para os cofres públicos!

As vidas humanas é que importam. O trabalho que fazemos é o que importa.

Jean Wyllys
Deputado Federal

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