Descrição da imagem: capa do Consenso de tratamento em AIDS com seis pessoas desenhadas em seus contornos coloridos sobre fundo branco aparentando satisfação não se sabe ao certo com o que.
"Sonhar mais um sonho impossível
Lutar quando é fácil ceder
Negar quando a regra é vender
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão"
Chico Buarque
Eu me considero um sujeito de bastante sorte. Nasci em uma família bem legal, que tem o amor e a justiça como essenciais valores e que me proporcionou tudo para que eu tivesse condições de escolher os melhores caminhos. Tá certo, não faz muito tempo que eu finalmente os encontrei, o que não faltou foi opção equivodada nas inúmeras encruzilhadas de minha vida. Sou também uma pessoa obstinada em viver, desde que deitei com a Morte e vi que ela não era tão boa de cama como me prometia cada carreira, cada beira de abismo. Mas, sobretudo, sou afortunado pelo orgulho das amizades que tenho e com as quais compartilho tantas e tão profundas emoções e experiências. Pessoas queridas, humanistas, aguerridas e que fazem a diferença não somente em suas vidas, mas na de tanta gente desconhecida que lhes é tão importante quanto um irmão, pois que todos somos.
Algumas delas são verdadeiramente quixotescas ao empunharem solitariamente suas lanças, lançando-se contra monstruosas criaturas com tamanha gana que até se esquecem do temor que sempre acompanha. Pois Renato da Matta, ativista da luta contra a AIDS do estado do Rio de Janeiro, é um desses e acaba de conquistar uma brilhante vitória que beneficiará milhares de pessoas vivendo com HIV nas questões previdenciárias. Essa vitória não foi nada fácil, mesmo porque foi uma longa jornada com inúmeros moinhos de almas a demonstrar sua inaptidão para o que é humano, como demonstraram alguns peritos médicos no show de preconceitos de seu blog e que acabam refletindo na prática médica. Afinal, uma das sumidades da área afirma que 'quem toma os medicamentos corretamente tem condições de ter uma vida com a mesma qualidade que tinha antes da infecção'.
Enfim, tamanha obstinação e repertório de evidências científicas acabaram por sensibilizar a cúpula da previdência social, que está finalizando as novas diretrizes para o processo pericial, incluindo os eventos adversos e o envelhecimento precoce, além de realizar capacitações para os peritos aplicarem corretamente essas novas diretrizes. Diretrizes que fazem juz ao que diz o Guia de Tratamento do Consenso 2008 para AIDS, onde é clara a definição de doença crônica degenerativa, ao invés da cômoda e conveniente crônica e ponto final. Esse reconhecimento abre portas enormes para cobrar do Ministério da Saúde a mesma sensibilidade, pois esse tema é abordado pelas pessoas vivendo com HIV há pelo menos onze anos, por vezes de forma um tanto agressiva. E até o momento a degeneração de nossos corpos tem atenções pontuais de localizadas.
Don Quixote de la Matta, é um prazer ser um de seus sanchos panças. Essa SUA conquista deveria inspirar o movimento social, que continua muito preocupado sobre como irá lutar que acaba não tendo tempo de lutar. Tenha certeza de uma coisa, você renovou o espírito de muita gente, inclusive desse companheiro de sonhos impossíveis que, oras, são os que verdadeiramente contam. Um forte e afetuoso abraço.
Beto Volpe
Meu querido amigo fico lisongiado com tais palavras de carinho e tenha certeza que é motivo de muita honra e orgulho ter um guerreiro que vc.é como amigo!!!
ResponderExcluirRenato da Matta
Ele merece todas as honrarias que um grande batalhador e idealista que é. Sem a deternimação, força de vontade e visão de mundo, caracterísita dele, nada disso estararia acontecendo. Tantos anos de discursos, encontros, papeis, relatórios, vigens, etc. e nunca se viu nada efetivamente acontecer nesses últimos 10 anos. Só agora algo de real está acontecendo. Uma formiginha está movendo um "MAMUTE" pré histórico para o século XXI. Isso que é trabalho e ativismo. Renato, ou melhor, "Don Quixote de la "Matta"", que seus atos, força, e visão global, sirvam de exemplo de que como se faz para mudar realmente o mundo.
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