Pessoal, há muito tempo não tenho o prazer de publicar notícia tão alvissareira como essa que me foi passada pelo grande Cláudio Souza em seu site.
Deliciem-se!Beto Volpe
Ao testar uma molécula desenvolvida recentemente, JP-III-48, em amostras de sangue de pacientes HIV-positivos, os pesquisadores da Universidade de Montreal, no Canadá observaram algo inovador. A molécula tinha a capacidade de abrir o HIV “como uma flor.” Embora este achado ainda esteja em seus estágios iniciais, a equipe espera que possam definir uma base para novas medidas preventivas e, possivelmente, mesmo uma maneira de eliminar o vírus de pessoas já infectadas pelo HIV.
Parte da razão pela qual os cientistas encontram uma grande dificuldade em criar uma vacina para o HIV é que o vírus tem uma maneira única de escapar ao sistema imunológico. Embora o hospedeiro crie anticorpos contra o HIV, não existe uma maneira de alcançar fisicamente o vírus, é difícil para o corpo humano montar uma resposta imune efetiva contra ele. Um estudo recentemente publicado pela Academia Nacional das Ciências, sugere uma maneira de contornar as defesas do HIV.
O vírus é semelhante a um pacote hermeticamente fechado. Descobrir uma forma de ”abrir” o HIV permitiria que os anticorpos cheguem a regiões mais vulneráveis do vírus e eliminem, assim, a infecção.
Harvard e a Universidade da Pensilvânia os pesquisadores desenvolveram JP-III-48, mas em Montreal, Canadá, pesquisadores foram os primeiros a testar com sucesso em pacientes HIV-positivos. A molécula imita a CD4, uma proteína localizada na superfície dos linfócitos T. A proteína CD4, que dá seu nome às células específicas do sistema imunológico que o HIV infecta, funciona como uma porta de entrada para as células T e permite que o HIV entre e infecte as células. Foi em Montreal o primeiro estudo em que os pesquisadores adicionaram a molécula JP-III-48 em pacientes infectados com HIV-1 (a forma mais comum do vírus) e testemunhou-se a “abertura das estruturas virais como flores”.
“A adição da pequena molécula viral envolve as forças necessárias para abrir o vírus como uma flor “, disse o autor do estudo, Jonathan Richard, explicando em um Comunicado à Imprensa. A molécula força o vírus a expor as partes que são reconhecidas por anticorpos do hospedeiro. Os anticorpos e, em seguida, cria uma espécie de ponte com algumas células do sistema imune e forma um ataque. “Os anticorpos que estão presentes naturalmente após a infecção podendo direcionar as células infectadas pelo vírus para que elas sejam mortas pelo sistema imunológico,” acrescentou Richard.
Até agora, os efeitos da molécula JP-III-48 sobre o HIV só foram observadas no soro de pacientes HIV-positivos, mas os pesquisadores esperam que em breve o teste desta “molécula-abridora” em primatas com uma versão símia do vírus.
Os pesquisadores especulam que esta descoberta poderia ter enorme potencial em pesquisas para o desenvolvimento de uma vacina contra o HIV/AIDS. Outro fator que torna tão difícil a luta contra o HIV é que, mesmo se eliminando o vírus totalmente da corrente sanguínea, restam vestígios ainda latentes do HIV em reservatórios, à espera de retornar assim que cessa o tratamento.
A equipe acredita que a “molécula-abridor” possa desempenhar um papel importante na superação desta defesa viral. Se os cientistas puderem desenvolver uma forma de “patrulha-choque” contra os vírus, de forma a força-los a deixarem seus reservatórios eles podem ser mortos usando a “molécula-abridora” como na estratégia explicada no início deste artigo, utilizando os anticorpos que o organismo é capaz de gerar.
Traduzido por Cláudio Souza, do original em inglês do site Medical Daily, no link:http://www.medicaldaily.com/hiv-can-opener-molecule-exposes-viruss-most-vulnerable-parts-what-it-means-vaccine-331996#.VUqNhvtgMsk.google_plusone_share
Fonte do artigo original:
Source: Richard J, Veillette M, Brassard N, et al. CD4 mimetics sensitize HIV-1-infected cells to ADCC. PNAS. 2015.
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